O secretário Rossieli Soares, apresentado há menos de 50 dias, já teria sido informado de que alguns dos problemas da Secretaria de Educação passam pela gestão na área de logística, mas tem uma prova de obstáculos pela frente para fazer valer seu projeto na pasta/Fotos: Divulgação-André Dias-Ascom Seduc-Redes Sociais-Whatsapp.

Nem foi preciso esperar pelos 100 icônicos dias de gestão: ex-ministro do governo Temer feito secretário pelo governador do Estado recebeu de bandeja informações sobre setores e gestores e tem quatro anos pela frente para mudar o cenário da educação no Pará.

Anunciado como novo secretário de Educação do Pará dois dias antes do Natal do ano passado pelo governador Helder Barbalho, através de uma rede social, o ex-ministro do governo Michel Temer Rossieli Soares foi apresentado oficialmente à Secretaria no dia 10 de janeiro deste ano.  De lá até hoje, conta menos de 50 dias de trabalho – incluindo audição.

Não se sabe se Rossieli assumiu a pasta por mero compromisso político do governador do Estado com o ex-presidente Temer, se a nomeação teve como alvo de Helder operar uma reengenharia na educação do Pará, ou as duas coisas. O certo é que, bafejado pela sorte dos ventos de denúncias que abundam na Secretaria contra a gestão da auditora fiscal Elieth Braga, Rossieli já teria encontrado o caminho das pedras: setores e diretores acusados de cavar o poço em que a Seduc foi enterrada.  

Onde o vento faz a curva

O que se diz é que existe um cipoal de vínculos políticos e partidários envolvendo criadores e criaturas na máquina que deveria mover a educação, um deles identificado na Secretaria-Adjunta de Logística Escolar, a Sale, onde o cenário, segundo denúncias, é de terra arrasada.

Outro setor crítico na Secretaria seria a diretoria de Recursos Técnicos Imobiliários, não por acaso vinculada à Sale. O secretário-adjunto atende pelo nome de Alexandre Buchacra e o diretor é o engenheiro civil Israel Carmona, cuja assessora é Sandra Kassumi Kyushima, que transita livremente na ponta entre o adjunto Buchacra e o diretor Carmona.

Cenário é dos piores

A Secretaria-adjunta de Logística Escolar, comandada por Buchacra, é considerada setor nevrálgico da Secretaria de Educação, responsável pelo sucesso ou não do aspecto logístico e estrutural da pasta, que acumula denúncias de escolas fechadas, ou sem manutenção adequada e obras e reformas paralisadas, tanto em Belém quanto no interior. A diretoria de Recursos Técnicos e Imobiliários, conduzida pelo engenheiro Israel Carmona, é quem gerencia contratos de construções, obras, reformas e serviços prestados à Secretaria de Educação.

Quem é quem no jogo

A título de informação: o secretário-adjunto Alexandre Buchacra é figura ligada ao MDB há décadas. Advogado e contador de formação, Buchacra foi prefeito de Capanema e juiz eleitoral. Já o diretor de Recursos Técnicos e Imobiliários, engenheiro civil Israel Carmona, vem a ser filho do pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular e deputado estadual Martinho Carmona, do MDB.

Todo cuidado é pouco

Se é verdade que Rossieli Soares encontrou o caminho das pedras bafejado pela sorte e pelos ventos de denúncias, a esta altura já deve ter medido a extensão da sua empreitada. E do cipoal que deve ultrapassar, de preferência sem arranhões, se quiser levar a cabo sua épica missão.