Crimes de furto e roubo de frutos de dendê da empresa Brasil BioFuels tomam novos contornos: além de suposta organização criminosa com participação de indígenas, quilombolas e empresas receptadoras envolvem sargento da Polícia Militar do Pará.
Operação da Polícia Civil em Tomé-Açu, no último sábado, 25, escancarou mais um escândalo envolvendo agentes da segurança pública do Pará: um caminhão com mais de 17 toneladas de dendê furtados da Fazenda “Rancho Barbosa”, de propriedade da BBF, localizada na PA-140. No local, a Polícia identificou o proprietário do veículo e da carga: sargento da PM Rui Antônio Oliveira da Silva.
Ao ser questionado sobre o destino dos frutos, o sargento afirmou que iria levar a carga roubada para empresas receptadoras da região – Vila Nova, Marborges e Dendê Tauá, empresas, aliás, já denunciadas ao Ministério Público Federal por atuar de forma ilegal, mas que ainda seguem operando no crime normalmente.
Além do caminhão com frutos roubados, havia no interior da fazenda um trator escondido com mais de 3 toneladas de dendê na caçamba e um amontoado de aproximadamente 7,5 toneladas do fruto. No total, a apreensão interceptou mais de 27 toneladas de frutos roubados da BBF.
O policial foi autuado por receptação culposa e, após intensa investigação, a Polícia Civil identificou o autor da invasão: José Eduardo Simão, preso em flagrante pela operação.
De ‘licença médica’…
O sargento Rui Antônio Oliveira da Silva é vinculado ao 48º Batalhão da Polícia Militar de Quatro Bocas e encontra-se atualmente afastado de suas atribuições por ‘licença médica’. Mas, contrariando as regras trabalhistas, continua ativamente exercendo atividade criminosa no transporte de frutos roubados. O sargento responde ao tenente-coronel Rebelo, responsável pelo comando da PM na região de Tomé-Açu e do Acará, onde o crime está desenfreado na localidade com furto de frutos.
B.O. também é potoca
A BBF tem centenas de boletins de ocorrência registrados, mas não existem prisões por parte da Polícia Militar nessas regiões. Uma situação muito estranha, visto que os caminhões com frutos roubados transitam pela cidade como se não carregassem nada ilícito.
Silêncio sepulcral
É preciso boa vontade do governo do Estado e muita investigação para apontar a responsabilidade de cada um nesses crimes, incluindo a suposta organização criminosa que reúne indígenas, quilombolas, receptadores, políticos e, agora, um sargento da Polícia Militar, que reagiu no momento da prisão alegando estar afastado da corporação por motivo de doença.
A reportagem tentou contato com o tenente-coronel Rebelo e com o secretário de Segurança Pública do Pará, o delegado federal Ualame Machado, mas não obteve retorno até o encerramento desta edição. O crime foi registrado pela Polícia Civil no boletim de ocorrência número 00082/2023.100239-9.