Terceiro trimestre deste ano não foi bom para ninguém. Exportações de minério de ferro sofreram redução de 39% e produção mineral do Estado só deve começar a se recuperar em 2023/Fotos: Divulgação.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam que a produção industrial cresceu em nove dos 15 locais pesquisados pelo IBGE de fevereiro a março deste ano. A maior alta ficou com São Paulo (8,4%). Ceará (3,8%), Mato Grosso (2,8%), Minas Gerais (2,4%), Rio de Janeiro (2,1%) e Paraná (0,6%) registraram alta acima da média nacional (0,3%). Amazonas (0,3%) e Bahia (0,1%) também registraram crescimento, mas seis Estados acumularam queda na produção: Santa Catarina (-3,8%), Pará (-3,3%), Espírito Santo (-3%), Pernambuco (-1,1%), Rio Grande do Sul (-0,3%) e Goiás (-0,2%).

Fontes consultadas pela coluna avaliam que desempenho da indústria brasileira reflete pequena recuperação em relação aos níveis pré-pandemia (2019). Mesmo tendo sido positiva em relação a fevereiro (0,3%), ainda está 2,1% abaixo da verificada em 2019. No acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento da produção industrial foi de 1,8%, ritmo insuficiente para a retomada mais vigorosa do emprego.

A crise e o minério de ferro

Mesmo com essa leve reação, em perspectiva, o desempenho é preocupante diante da crise mundial de componentes, forçando as indústrias de transformação a diminuírem a produção na passagem de abril para maio. A queda de 3,3% na produção industrial paraense reflete a retração nas exportações das commodities minerais, principalmente o minério de ferro que, no trimestre de janeiro a março de 2022 apresentou queda de 39%.

A expectativa geral é por um desempenho fraco da indústria mundial em 2022, sendo esperado maior vigor a partir de 2023. Dois fatores contribuem para esta avaliação: a inflação no setor de energia e as politicas monetárias restritivas dos bancos centrais, especialmente nos Estados Unidos e Europa.

O Banco Central do Brasil já trabalha na restrição monetária, elevando fortemente a Selic (taxa básica de juros) e a Petrobrás tem refletido na sua política de preços a inflação no setor energético. As tarifas de energia elétrica deverão refletir a carestia geral do setor, tal como ocorreu em abril último no Ceará, com aumento autorizado 24,85%.