Em pronunciamento durante a posse do presidente da Subseção de Ananindeua, na última sexta-feira, Eduardo Imbiriba não usou meias palavras para advertir sobre supostas interferências políticas na indicação do candidato que ocupará vaga de Milton Nobre no TJE/Fotos: Divulgação-Redes Sociais-Whatsapp.

Para o bom entendedor, meia palavra basta; quando não basta, o certo é dizer com todas as letras, como fez, na última sexta-feira, o presidente da OAB Pará, Eduardo Imbiriba, ao participar da solenidade de posse do presidente da Subseção da Ordem em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. Em raro pronunciamento público desde que assumiu, Imbiriba mandou um recado claro e cristalino: a vaga ao desembargo disponível no Tribunal de Justiça do Estado pertence à OAB, sugerindo que indicações políticas, como as que se discutem agora, não serão bem vindas; muito pelo contrário.

Roupa no quaradouro

Nesse caso, quem tem roupa no quaradouro é ninguém menos do que o governador Helder Barbalho – a quem se atribui supostos acordos com a presidência do Tribunal de Justiça, na pessoa da desembargadora Regina Pinheiro, para tornar o primo Alex Centeno, sócio de uma movimentada banca de advocacia que explora serviços em prefeituras e Câmara de Vereadores, alguns deles milionários, herdeiro da vaga que pertenceu ao desembargador Milton Nobre.

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Não basta se “engravatar”;  
tem que ser militante

Embora o edital ainda nem tenha sido lançado pela presidência da OAB, é grande a movimentação de candidatos à vaga de desembargador pelo Quinto Constitucional. Um deles é o advogado Dênis Farias, professor, escritor e consultor jurídico com 19 anos de carreira e intensa advocacia militante. Dênis foi juiz do Tribunal de Ética da OAB, é estudante regular de Doutorado da Universidade Federal de Buenos Aires e diz conhecer bem o dia a dia do Fórum e do Tribunal, requisito não oficia difundido à larga e exigido dos concorrentes como que para lembrar que não basta ser “engravatado”.

“Os advogados querem um advogado militante, que represente a advocacia; ninguém quer procurador de em gabinete”, diz.

Procurador de Gabinete

Na categoria “Procurador de Gabinete” se enquadram ao menos dois candidatos que teriam a simpatia do governador Helder Barbalho, ambos atuando na Assembleia Legislativa do Estado; o preferido, porém, seria o primo Alex Centeno, considerado “muito novo” para o tamanho da responsabilidade de um desembargador. Observadores da cena avaliam que, caso seja eleito e indicado, Alex Centeno terá pela frente alguma coisa em torno de 40 anos de desembargo.

Correndo pela beira

Outro que entrou na corrida pelo desembargo é o advogado Cesar Ramos. Na última semana e em explícita campanha, Cesar Ramos visitou o Tribunal de Justiça Desportiva em busca do apoio de um contingente expressivo de eleitores, composto de sete membros do Pleno e dez membros das respectivas Comissões Disciplinares. Ocorre que alguns membros da corte, mesmo reconhecendo o valor do postulante, já se inclinam por referendar o nome do advogado Alano Pinheiro, um dos alinhados com a filosofia dos jovens advogados.

Entre as propostas do advogado, concorrente e visitante está o extermínio do tráfico de influência que seria a grande mazela da Justiça local, envolvendo todas as instâncias.