Por Olavo Dutra|Colaboradores
Não será novidade se o Gabinete de Transição composto por cerca de 50 pessoas do PT que começa a interagir com os técnicos do governo Bolsonaro incluir representantes do partido no Pará, como a economista Esther Bemerguy, que atuou em Brasília nos mandatos de Lula e Dilma e goza de boa reputação na legenda. Esther poderá inclusive ocupar lugar de destaque na nova administração de Lula.
Esse e outros temas foram destaque da reunião virtual promovida ontem por lideranças do PT no Pará, conforma a coluna antecipou, entre eles o senador em final de mandato Paulo Rocha, o ex-deputado federal Zé Geraldo e o deputado federal reeleito Airton Faleiro. Paulo Rocha participou de encontro em Brasília, ontem, com representantes do partido que integrarão o Gabinete de Transição, sob o comando do vice-presidente eleito, Geraldo Alkmin.
Direto na fonte
Vice-presidente nacional do PT, Zé Geraldo, que coordenou a campanha de Lula no Estado e é líder da tendência ‘Construindo um Novo Pará’, pretende se reunir com a presidente do partido, Gleise Hofman, para tentar garantir cargos federais para as lideranças petistas porque não confia que o senador eleito Beto Faro, da tendência ‘Articulação Socialista’, promova esse entendimento, senão em benefício próprio, ou do governador Helder Barbalho, abiscoitando a maioria de órgãos federais no Estado.
Avaliação pertinente
Dentro desse cenário, o PT também avalia que Paulo Rocha, no frigir dos ovos, terá alguma influência no novo governo, ao menos como amigo do presidente Lula, o que não é o caso de Beto Faro. Contudo, não escapa à observação dos líderes regionais do PT a questão óbvia, ululante segundo a qual quem decide a parte que caberá ao leão é quem tem nas mãos um governo do Estado, uma bancada federal inteira e um senador sabujo a tiracolo, não um ex-senador. Afinal, ter influência é bom, mas voto no Congresso e capacidade de arregimentação pesam mais quando o assunto é política, que se alimenta de votos, e não de sorrisos.
À espera de milagre
Além do mais, a tendência ‘Unidade na Luta’, de Paulo Rocha, que já foi a mais importante do partido, perdeu força junto ao PT em função do final de mandato de senador e da pouca visibilidade alcançada em termos de poder. Ainda assim, estima-se que esse quadro pode se alterar ano que vem, com a possibilidade de Paulo Rocha ser conduzido a cargo federal pelas mãos do presidente Lula.
O pai dos partidos
O governador Helder Barbalho é o dono do PT no Pará da mesma forma como é dono do Podemos, da Democracia Cristã e do Avante. Não é apenas uma influência – é a propriedade do partido como ente de decisão. O PT só é democrático no papel. O presidente da legenda manda muito e Helder tem o presidente, seu sabujo político.
Ao filiar o inexpressivo Josenir Nascimento ao PT – Josenir não seria ninguém no MDB, quanto mais virar suplente de senador – Helder carimbou seu sinete no partido, atestado ao atropelar Zé Geraldo e Paulo Rocha com a mesma carreta. Os titulares do Dnit, Sudam, Embrapa, Incra, Ibama, Funai, SPU, dentre outros, serão indicados por Helder Barbalho ouvindo Beto da Fetagri Faro e não as demais lideranças.
Sobrarão para os demais os segundos e terceiros escalões nesses órgãos – tão certo que nem boca de bode, como se diz no Nordeste.
Uma pedra no sapato
Detalhe: ao listar os partidos de Helder, a coluna não citou o MDB. Isso se deve a um entrave crucial para a família Barbalho: Priante não é Barbalho, não divide a mesa com eles, não é aceito, e quando é escalado, é sempre para perder, mas controla o MDB da capital.
Parece pouco? Não é. Priante pode decidir a próxima eleição para prefeito da capital, se quiser.