Assim como o parlamento europeu aprovou projeto de resolução – para virar lei só após aprovação dos parlamentos nacionais – proibindo a importações agrícolas oriundas de áreas de desmatamento, legais e ilegais, visando barrar os produtos brasileiros do agronegócio, também são alvo das barreiras alfandegárias europeias os produtos industriais chineses. Mês passado, a Comissão Europeia encaminhou proposta ao Parlamento Europeu visando proibir a importação de bens industriais onde haja indícios de trabalhos forçados, degradantes e ou salários aviltantes.
Afronta a tratados
O grande problema reclamado pela diplomacia chinesa é a generalidade dos conceitos à limitação da forma de trabalho, além de ser considerado uma intromissão na sua organização econômica interna. O Ministério de Relações Exteriores chinês já declarou que a medida, se adotada, será uma afronta aos tratados da Organização Mundial do Comércio e que não hesitará em abrir um painel contra a União Europeia.
Eleições e culpados
A posição chinesa contrasta com a brasileira, visto que, do ponto de vista do comércio internacional, tanto a resolução referente às áreas desmatadas quanto aos trabalhos degradantes têm origem no protecionismo europeu. No Brasil, a medida “contra o desmatamento” virou tema da campanha eleitoral, com a oposição colocando a culpa no governo federal que, por sua vez, se cala. A China, porém, colocou a sua diplomacia de forma incisiva contra a proposta da Comissão Europeia.
Parceiros comerciais
Por coincidência, a China é o maior comprador do agronegócio brasileiro e provavelmente estará na disputa com a União Europeia ao lado do Brasil, posto que tanto a restrição trabalhista, quanto a ambiental ficam evidenciadas como medidas protecionistas.