Em meio a uma das piores crises da segurança pública vividas na história recente do Pará, a manchete da propaganda do governo Helder Barbalho destaca que a Secretaria de Segurança Pública cumpriu mais – grifo da coluna – de 440 prisões em uma semana. Uau! A julgar pela ousadia da chamada “Operação Impacto”, que mantém mais de 3 mil policiais nas ruas, isso significaria mais de 62 prisões por dia em 7 dias, o que levaria, em um ano, a mais de 22.630 prisões por todo o Pará.
Em matemática simples, o Estado estaria religiosamente obrigado a construir mais presídios, haja vista que a capacidade carcerária do Pará está em 13.543 vagas nas 54 casas penais em doze mesorregiões do Estado. O problema é que há 15.188 custodiados pela Secretaria de Administração Penitenciária, quer dizer, já existe um déficit carcerário da ordem de 7.797 vagas. Então, qual seria a providência do Estado para acomodar mais 22.630 presos ou, no mínimo, mais 440 presos dessa voluptuosa semana que rendeu a dita manchete?
Dá-se um jeito: bastaria paralisar as obras do Mangueirão, acordar do sonho de consumo de trazer o clássico Brasil x Argentina para a inauguração e partir freneticamente para a construção de presídios. Nessa canoa da propaganda da reeleição, de lendas e de folclores, só “embarcam” políticos e defensores de direitos humanos que se mudaram de mala e cuia para o projeto de poder de sua excelência.