O ex-prefeito Manoel Pioneiro abriu as portas de Ananindeua para o médico Daniel Santos, marido da deputada federal Alessandra Haber, formando hoje a espinha dorsal da chamada ‘República de Ananindeua’, pedra no sapato político do governador Helder Barbalho em embates políticos futuros/Fotos: Divulgação.
Por Olavo Dutra | Colaboradores
Os dois caminhos possíveis para o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, seriam o PSDB, de onde saiu para se aliar ao governador Helder Barbalho, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem teria apoiado veladamente nas eleições presidenciais do ano passado, contrariando o governador.
Informações que circulam na “República de Ananindeua” dão como certo que o prefeito Daniel Santos se reuniu com lideranças do tucanato em Porto Alegre e apertou o passo para assumir o PSDB no Pará. O prefeito nega, através de fonte transversal da coluna, mas também não menciona que tem batido ponto em Brasília – não necessariamente para visitar a mulher, deputada federal Alessandra Haber, a mais votada no Pará nas últimas eleições, mas para ampliar seu raio de influência no Estado. Outra direção possível seria o PL, abrindo caminho para disputar o governo do Estado com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Prova de que Daniel Santos está prestes a chutar o pau da barra teria sido uma conversa de longo curso com o federal Eder Mauro, do partido do presidente, em busca de garantias de que não irá ‘atropelar’ seus planos, conforme reza o modus operandi do delegado. A Câmara de Ananindeua aparece como reflexo da cruzada de Daniel Santos rumo a projetos políticos mais ousados: os 26 vereadores da Casa estariam divididos entre o apoio ao prefeito e ao governador do Estado.
Aglutinação de forças
A cruzada suscita muitas perguntas: para a corrida eleitoral de 2026 Daniel Santos, candidato à reeleição em 2024, irá arregimentar forças políticas como o ex-governador Simão Jatene, Márcio Miranda e Helenilson Pontes? Aglutinará a ala evangélica, com o PL, na figura do senador Zequinha Marinho e demais representantes da direita, como Joaquim Passarinho, Eder Mauro, Rogério Barra e Everaldo Eguchi?
Relações políticas
Oriundi de Dom Eliseu, onde sua família se estabeleceu, o médico Daniel Santos teve pouco envolvimento político antes de se lançar candidato à Assembleia Legislativa, quando bateu 100 mil votos. Suas relações pessoais envolveram o ex-prefeito de Dom Eliseu Jeferson Deprá e o finado Tonhão, que tinha vínculo familiar direto com o hoje prefeito de Tailândia, Macarrão, todos eles ligados ao ex-prefeito de Ananindeua Manoel Pioneiro, mineiro de nascimento que também veio com a família para região da BR-222, a antiga PA-70, em Bom Jesus do Tocantins.
Jeferson Deprá foi do MDB por muito tempo, deixando o partido depois de ter sido traído pela sua criação, Joaquim Nogueira. Todos os demais políticos ligados a Daniel Santos eram tucanos – o ex-prefeito Tonhão Oliveira, o prefeito Macarrão e o próprio Manoel Pioneiro, daí Daniel Santos ter se encaixado como luva no cenário político de Ananindeua.
Com as barbas de molho
Detalhe: o governador Helder Barbalho sabe desse vínculo umbilical de Daniel Santos com a região da BR-222, onde sua performance não é de 70% e, como não é bobo, nem nada trata de colocar as barbas de molho. A passagem de Daniel Santos pelo MDB tem prazo de validade, tanto quanto a presença do advogado Bernardo Almeida à frente do Iasep.