O governador Helder Barbalho e o secretário de Meio Ambiente do Pará, Mauro Ó de Almeida (detalhes) foram convidados, mas não compareceram ao Concerto Ambiental de Altamira, promovido para buscar soluções para mitigar a degradação ambiental no município/Fotos: Divulgação-CNN-Redes Sociais-Whatsapp.

O Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima divulgou ontem nova estimativa de emissões de Gases de Efeito Estufa, referente ao ano de 2019, onde se verifica que, apesar de menos populosa, a Região Norte representou 60% do carbono liberado na atmosfera pelo Brasil.

O mais preocupante dos números do é foi verificar que, dos onze municípios que mais emitiram Gases de Efeito Estufa, cinco são do Pará – Altamira (35,2 milhões de toneladas), São Felix do Xingu (28,9 milhões), Pacajá (16,2 milhões, Novo Progresso (14,9 milhões) e Novo Repartimento (11,9 milhões de toneladas de CO2e).

Entre as 35,2 milhões toneladas de CO2e – unidade de medida que reúne todos os gases, do carbônico ao metano- emitidas por Altamira, 33,4 milhões estavam relacionadas ao desmatamento. A cidade paraense tem população estimada em 117 mil habitantes, ou seja, é quase 100 vezes menos populosa do que a cidade de São Paulo e mesmo assim, contabilizou o dobro das emissões. Aliás, se fosse um país, Altamira ocuparia a 108ª ocupação no mundo em emissões.

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Lideres de desmatamento

Localizados na bacia do Xingu, Altamira e São Felix do Xingu estão sempre na liderança do desmatamento na Amazônia Legal. Preocupada com essa situação, a Prefeitura de Altamira promoveu, de 2 a 5 deste mês, o Concerto Ambiental de Altamira, cujo principal objetivo foi encontrar soluções para mitigar a degradação ambiental em áreas do município. Estranhamente, o governador e o secretário de Meio Ambiente do Pará não compareceram ao evento, apesar de convidados, certamente para não comprometer a imagem do Estado que ambos divulgam pelo mundo: o Pará que “reduz o desmatamento e a consequente emissão de gases de efeito estufa”.

A parte boa e a parte podre

Os estudos são referentes a 2019, mas com certeza a propaganda oficial e a domesticada ou omitirão a divulgação ou dirão que não foi no Pará, isto é, apesar de cinco municípios paraenses, entre os onze que mais emitem gases de efeito estufa no Brasil estarem  geograficamente e jurisdicionalmente no Pará continuarão dizendo que o governo do Estado – a fatia que pertence ao governador Helder Barbalho – está fazendo a sua parte e que quem desmata e emite gases de efeito estufa é a fatia do Pará que pertence ao governo federal.

A regra da propagando oficial e domesticada é a seguinte: o que for positivo põe na conta do Pará de Helder Barbalho; o que for negativo põe na conta de Jair Bolsonaro. Essa é a nova lógica da propaganda oficial que, custe o que custar, deve ser repassada à população paraense, estratégia que já até substituiu a palavra “chacina” por “tiroteio” e “mortes por intervenção policial” por “criminoso pertencente à facção que planejava atentado contra agentes de segurança pública”, neste último caso, talvez como mais uma tentativa de justificar a morte por intervenção.

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