Pedido se baseia no temor do povo xipaya sobre a possibilidade de volta dos invasores, o que provocaria conflitos de grandes proporções na região onde vive uma população de 200 pessoas/Fotos: Cícero Pedrosa-Amazônia Real/Yahoo!Notícias-Folhapress.

A Ordem dos Advogados do Brasil-Pará solicitou à Polícia Federal que seja garantida a segurança da Aldeia Karimaa, na Terra Indígena Xipaya, localizada às margens do rio Iriri, a 400 quilômetros da sede do município de Altamira, região sudoeste do Estado. Através de ofício, o advogado José Neto, que representa a Ordem e integra a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal, protocolou o pedido de proteção policial e prisões preventivas de invasores na tentativa de evitar novos conflitos.

Durante a semana, José Neto se reuniu com o procurador da República, Gilberto Batista Naves Filho, a presidente da subseção da OAB, Renata Oliveira Pires, e o analista ambiental do Ibama, Hugo Loss, na sede do Ministério Público Federal de Altamira. Nesse encontro, o representante da Ordem começou a colher informações para subsidiar um relatório acerca do caso e discutir quais providências a instituição adotará junto aos órgãos competentes, incluindo a Fundação Nacional do Índio, a Funai, o Ministério da Justiça e a própria Polícia Federal. 

Entenda o caso

Na última quinta-feira, 14, a cacica Juma Xipaya denunciou em vídeo publicado em uma rede social que a Aldeia Karimaa, na Terra Indígena Xipaya, em Altamira, havia sido invadida por garimpeiros armados. Segundo ela, uma balsa de grande porte, com maquinários para a extração de ouro, desceu o rio Iriri em direção ao território onde vivem cerca de 200 pessoas, distante a 400 quilômetros de Altamira. Os invasores chegaram montados em voadeiras e jet skis. Conforme relatos do site Brasil de Fato, diversas lideranças indígenas da região viram a balsa dos garimpeiros navegando no rio Iriri em direção à Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, divisa com a Terra Indígena Xipaya e a Terra Indígena Cachoeira Seca, do povo Arara. 

Em meio à tensão que envolveu a aldeia, a cacica Juma conseguiu denunciar a invasão à Polícia Federal, à Funai e ao Ministério Público, pedindo ajuda inclusive ao Exército. O temor é de que os invasores retornem à área com mais violência. Em Brasília, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas na Câmara dos Deputados, comandada pela indígena Joênia Wapichana, acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, alertando para a iminência de um conflito na região e ameaças de morte.