Em crise desde sempre, Hospital Santo Antônio Maria Zacaria, em Bragança, não paga funcionários, nem sinaliza com essa possibilidade a dias do Natal. Irmã Estelina Oliveira, gestora da unidade, alega falta de repasses do governo do Estado/Fotos: Divulgação.

Com o todo o respeito e com o perdão da palavra,  mas, neste dramalhão em que estão vivendo  cerca de 400 celetistas que tiverem a desventura de atrelar suas vidas profissionais e familiares ao Hospital Santo Antônio Maria Zacaria,  em Bragança, nordeste do Pará, instituição filantrópica da Diocese de Bragança sob gestão da Congregação das Irmãs Missionárias de Santa Teresinha,  há um fato intrigante: o silêncio sepulcral de três instituições que deveriam não só estar nas ruas se manifestando como em intensas agendas nos órgãos de Justiça trabalhista e ministeriais, além e na grande mídia do Estado estadual ‘botando a boca no trombone’ com denúncias e informações sobre a precária situação de seus representados que, até agora, a dias do Natal, não receberam sequer o pagamento dos salários devidos aos meses de outubro e novembro e muito menos o 13º salário.

Estado não faz repasses

O Hospital Santo Antônio Maria Zacaria vive em crise há muito tempo. Irmã Estelina Oliveira, há mais de 30 anos gestora da unidade de saúde e de todo o equipamento da Igreja vinculado à Diocese de Bragança, tem sido apontada nas redes sociais da região como responsável pelo que se chama ‘descalabro administrativo’ que afeta especialmente as atividades voltadas para a área de saúde. Atribui-se a ela, em suposta recente reunião com servidores celetistas que estão sem receber seus vencimentos, a informação segunda a qual a inadimplência se deve à falta de repasses de recursos do governo do Estado. Convenhamos, não seria de bom tom, a esta altura, que veneranda senhora recorresse a uma inverdade para se justificar perante seus comandados. Então, a palavra está aberta à Secretaria de Saúde, que por sinal anda às voltas com problemas dessa natureza junto à OS Pró-Saúde, mas…  

Ao que interessa

Observadores da cena patética, bizarra e cruel se perguntam: onde estão os Sindicato dos Técnicos em Enfermagem, o Sindicato dos Enfermeiros e o Sindicato e a Associação dos Médicos do Pará? O que, afinal, explica o silêncio e qual a misteriosa motivação da falta de mobilização?

Os pobres trabalhadores, chamados representados dessas silenciosas e supostamente coniventes instituições esperariam, senão a atuação das entidades de representação sindical, pelo menos a solidariedade que essas vanguardistas instituições deveriam aos direitos humanos dos que estão às portas do abandono, do desespero, da fome e da sede.

Tudo contra

Contra os trabalhadores, coitados, ainda pesam, além da gestão temerária do hospital e suas supostas pedaladas administrativas denunciadas nas redes sociais da região de Bragança, o imobilismo da Santa Madre Igreja ante situação tão dramática e desumana, mesmo que a diocese, caso inédito no Brasil, tenha à frente três bispos.