Andam dizendo, principalmente nas redes sociais – que só o bom senso controla, na minoria das vezes -, que os templos evangélicos em Belém estariam transformados em comitês bolsonaristas. Vá lá que seja. A coluna arrisca o palpite de que não há lugar – nem nas igrejas católicas, nos templos evangélicos, terreiros de cultos afro ou repartição pública – onde alguém não dê seu pitaco contra ou a favor desse ou daquele candidato a presidente da República, tentando influenciar ou mesmo induzir ao voto que considera ideal. Faz parte do momento, doa a quem doer. Nas redes sociais, então, o pensar e dizer é livre, mas, seja qual for a mensagem, trata-se apenas de manifestação de cunho político.
O jogo da hipocrisia
Então, se o ato de fazer proselitismo de valores de fé e de moral significar campanha eleitoral, a maioria dos templos católicos de Belém também pode ser considerada comitê político, tal a desenvoltura de padres, freiras, diáconos, seminaristas e leigos recomendando voto. E não só em Belém: em todo o interior do Pará ocorre esse fenômeno, sempre nas paróquias mais distantes da cátedra dos bispos.
Isso quer dizer, entre outras coisas, que a impoluta Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB Norte 2, perdeu o controle da situação, enredada na sua fuga de realidade e na arrogância de tentar tutelar o clero? Quer dizer que as congregações evangélicas deixaram a crença de lado para optar pela política? Alguém haverá de explicar.
Os extremos na berlinda
No fundo, no fundo, a extrema polarização entre os dois candidatos à Presidência do Brasil, seus respectivos históricos, diferenças e posturas elevaram a disputa a níveis jamais vistos na política brasileira, obrigando a população, mais que os próprios grupos interessados no processo eleitoral, a se posicionar inclusive fora da zona de conforto de cada um e isso vale para religiosos ou para o cidadão comum.