Promotor da área de Improbidade do MP, Aldo Saif se debruça sobre contratos firmados bem antes do “boom” de locações do banco estatal, ocorrido a partir de 2019, inclusive com denúncias de irregularidades. Para observadores da cena, as investigações são “periféricas”. Fotos: Agência Pará/Rede Social-Facebook.
O Ministério Público do Pará está pelo menos dois anos atrasado em relação à “revolução” operada pelo Banpará no que tange ao aluguel de imóveis para ampliar sua rede de agências. Portarias publicadas no Diário Oficial dão conta da abertura de inquéritos civis para apurar supostas irregularidades na locação de imóveis em Soure e Melgaço, no Marajó, e no Distrito de Mosqueiro, região da Grande Belém, ocorridas entre 2014 e 2017. No banco, até a última terça-feira, a informação que corria entre gerentes era de que as investigações do MP estariam focadas em desvendar os mistérios dos investidores e “laranjas” envolvidos na construção das novas agências no interior do Estado. As investigações estão sob o comando do promotor Aldo Saif, da área de Improbidade do MP.
“Boom” de alugueis sob
suspeita começou em 2019
No início de 2019, o Banpará contava 108 agências em todo o Estado. Em agosto deste ano, o banco inaugurou sua 138ª unidade, o que representa aumento de 27,77% em 34 meses. Hoje, 120 dos 144 municípios são atendidos pela instituição. A meta da gestão é garantir os serviços da instituição bancária em todos os municípios paraenses até o final de 2022, mas, em meio a esse estupendo crescimento, há muito que a diretoria explicar.
Na conta do banco, quem
paga são os desempregados
Nem só as prefeituras do interior recorrem ao infame expediente da sobretaxa para faturar em cima dos candidatos em concursos públicos no Estado. O Banpará engrossa a lista. O certame promovido pelo banco em 2018, por exemplo, organizado pela Fadesp, teve demanda de 94.256 candidatos, superando em 56.256 inscrições a previsão de 38 mil participantes. Pelo contrato, a Fadesp teve faturamento de cerca de R$ 2,4 milhões, a soma de R$ 1,252 milhão fixos, por ter atingido 38 mil inscrições, mais R$ 1.680 milhão, produto das 56.256 inscrições excedentes, ao preço de R$30 cada.
Prática da sobretaxa
rendeu quase R$ 2 mi
As taxas do concurso foram de R$ 50 para cargos de nível médio, e de R$ 90 para cargos de nível superior. Tomando por baixo, considerando apenas a taxa de R$ 50, a arrecadação bruta foi de R$ 4,7 milhões, ou R$ 50 x 94.256 candidatos. Aí vem a questão: se o Banpará pagou à Fadesp cerca de R$ 2,9 milhões, para onde foi a diferença de quase R$ 1,8 milhão? Moral da história: o banco do povo paraense faturou alto em cima dos desempregados.
Balanço positivo aos
60 anos de fundação
O Banpará completou 60 anos, ontem, apontando balanço positivo tanto na trajetória quanto na prospecção de investimentos. Nos últimos três anos, segundo informações oficiais, o banco cresceu, sendo referência no pico da pandemia de Covid-19 ao administrar os pagamentos dos programas sociais e auxílios do Estado e prefeitura, bem como gerenciou “de maneira eficiente” os lucros e dividendos, criando linhas de financiamento com juros abaixo do mercado. A iniciativa tornou o Banpará competitivo, diferenciado e atrativo aos olhos do investidor.
Papo Reto
- Final de semana em um shopping da capital: crianças e adultos se acotovelavam no parquinho em busca de um melhor lugar. Enquanto isso, nas igrejas, os fiéis eram obrigados a manter o afastamento social.
- A diferença que a fiscalização sanitária faz entre casa de entretenimento e a Casa de Deus só tem uma explicação: as igrejas fazem a coleta, o comércio…
- Turistas que apreciam a bela Praia de Joannes, em Salvaterra, reclamam que os restaurantes estão abandonados e o atendimento deixa muito a desejar.
- A região é a maior produtora de abacaxi, porém, os restaurantes não dispõem dessa fruta para oferecer no café da manhã.
- Aliás, até o limão para a caipirosca estava em falta e os pedidos demoram em média uma hora ou mais para chegar às mesas. Mas o padecimento maior e o da ausência e sinal de internet.
- As vendas nos shoppings da região Norte registraram crescimento de 24,7% em agosto desde ano, quando comparadas com o mesmo mês do ano passado.
- Os dados são do Monitoramento de Mercado, que mostram a retomada do setor e a volta do consumidor às compras.
- Em setembro, Tocantins (11%), Roraima (10%), Amazonas (7%), Pará (6%) e Amapá (2%) registraram, proporção de vendas superior à média regional. Apenas o Acre (-18%) e Rondônia (-17%) ficaram abaixo da dos números constatados na região.