Até os “macaquinhos de cheiro” que ainda resistem à pressão urbana confinados no Bosque Rodrigues Alves sabem que a simples menção à ação de operadores e lobistas em Belém abala as estruturas do quinto andar de certa torre instalada nas imediações, em que pese a desfaçatez com que agem nos corredores da máquina do Estado, incluindo secretarias, como a de Saúde e de Meio Ambiente, e órgãos como Detran e Parapaz, entre outros. Sejam lá quais teriam sido as razões, o último míssil a atingir a torre foi disparado de perto, muito perto, por isso sem chance de erro: do “Em poucas linhas”, potins da coluna Repórter 70, de “O Liberal”, em um dia qualquer desse último final de semana.
A nota sibilou no ar antes mesmo de cumprir seu trajeto venenoso entre as avenidas Romulo Maiorana e Almirante Barroso, mas já era tarde para pagar – perdão, para apagar: o frasco encapsulado com papel e tinta importada fez voar a informação sobre suposta agitação do mercado financeiro de Belém com “a desenvoltura de um experiente operador que está trabalhando a todo vapor como se estivesse pilotando uma lavanderia”. E arremata, abre aspas: Todo cuidado é pouco para o negócio, pelo tipo de espécie, não azedar. E acabar destonando o Rei, fecha aspas. Pronto, o rei está nu; ele e parte da corte.
Origem do “especialista”
aponta para Marabá, sudeste do Estado
Se as palavras “operador”, “lavanderia” e “espécie” têm significados diferentes, juntas em uma mesma frase apontam para o óbvio: lavagem de dinheiro. Mas, quem seria esse operador entre tantos que operam no Pará e quem estaria por trás dele? Bem, a primeira pergunta aponta para Marabá, de onde veio, segundo fontes da coluna, o filho de família tradicional conhecida por emparedar negócios com outra família da região, os Mutran, inclusive em homéricas disputas de terra. O operador, filho, é apontado como sócio de um filho de família de Belém – e acaba que ambos saíram de trás das cortinas, razão da agitação do mercado financeiro, dos “macaquinhos de cheiro” do bosque, do agronegócio e do setor imobiliário em Salinópolis e Paragominas, entre outros menos votados.
“Simon Leviev” tupiniquim
em foto com diretor do Detran
Ao menos um operador com atuação destacada no Pará já caiu nas malhas da Justiça Federal, acusado de participar de tráfico e comercialização de madeira ilegal. Trata-se de Alisson Farah, que mantém negócios com o Detran, ParaPaz e Secretaria de Meio Ambiente, além de terceirizar concessão de empresa de navegação na região do Marajó e agora se apresentar como “coordenador de campanha” da primeira dama de Ananindeua, Alessandra Haber. Não à toa, é conhecido como “Simon Leviev” do Pará, referência ao “Golpista do Tinder”, personagem de documentário de sucesso da Netflix.
Jogo de poder e mudança
de curso por pressão de prefeito
Detalhe: a operação da Polícia Federal que prendeu Alisson Farah teve participação do ex-superintendente da PF no Estado, José Sales, atualmente ocupante da diretoria Técnico-operacional do Detran. Contudo, nas voltas que o mundo dá, José Sales se deixou fotografar, tempos depois da prisão, com o operador Alisson Farah.
José Sales foi para o Detran para substituir o ex-deputado estadual Joércio Barbalho, que hoje se encontra no limbo entre a Prodepa e a “Pérola do Caeté”, Bragança, onde reside, graças a uma armação orquestrada por Alisson Farah, que denunciou anonimamente o tio do governador com gravações de conversas encaminhadas ao MP. Joércio atrapalhava os negócios de Alisson. Outra pedra no sapato de Sales e Alisson foi o então prefeito de Benevides, Ronnie Silva, cuja pressão contra os dois acabou remanejando Sales para diretoria diferente, dando lugar à mulher do ex-prefeito. Ronnie e Alisson se detestam.