A empresa de navegação Arapari, pertencente à família da deputada estadual Ana Cunha, que detém a concessão da travessia Belém-Porto do Camará, em Salvaterra, com lancha e navio, é constantemente alvo da ira da população da região do Marajó pelo elevado número de incidentes, atrasos e quebra dos motores das embarcações que, não raro, como aconteceu recentemente, colocam os passageiros em perigo.
Semana passada ocorreu novo sinistro, dessa vez envolvendo a lancha “Lívia Marília”, de propriedade da empresa. Suposto incêndio detectado a partir da sala de máquinas – a Capitania dos Portos até hoje não divulgou o resultado das investigações – obrigou o comandante a aportar em uma ilha às proximidades de Belém a tempo de evitar desastre maior. Os passageiros entraram em pânico.
Compromissos políticos?
Por essas e outras, além dos riscos já vividos, a população de Salvaterra quer interditar o Porto do Camará, prejudicando embarcações de outras empresas que operam no mesmo terminal e paralisando o movimento no maior porto fluvial do Marajó, de onde partem e chegam milhares de pessoas em viagens diárias. A situação é recorrente, mas esbarra no misterioso silêncio das autoridades estaduais, fato que, para a população da região, é atribuído a compromissos políticos inconfessáveis com a família proprietário da Arapari Navegação.
Viagem do ‘faz de conta’
Pelo sim, pelo não, o destino pregou uma peça épica que deixou assustados fiscais da Arcon, convidados a participar da viagem inaugural de uma embarcação da empresa: apenas minutos depois de deixar o porto rumo a Salvaterra, o barco sofreu pane e ficou temporariamente à deriva. O pedido de socorro foi prontamente atendido, mas os fiscais da Agência, lívidos e constrangidos, sentiram na pele o que é comum para a população do Marajó. Dizem que a Arcon chegou a penalizar a empresa nessa e em outras oportunidades, mas há divergências. A deputada Ana Cunha continua pedindo votos na região.