Inaugurado com pompa e circunstância pelo governador Helder Barbalho e gerando grande expectativa na população da ilha, o Terminal Hidroviário de Mosqueiro está entregue às circunstâncias, senão à própria sorte: não há transporte/Fotos: Divulgação.
Moradores da ilha se dizem frustrados por não terem um barco para chamar de seu; em Belém, terminal hidroviário sequer disponibiliza guichê para venda de passagens.
Quem foi ao Terminal Hidroviário de Belém na manhã da última quinta-feira tentar comprar passagem para o trecho Belém-Mosqueiro-Soure, na expectativa de aproveitar o feriado de Corpus Christi, deu com a cara na porta. A linha não existe, senão nas promessas do governo do Estado e da Prefeitura de Belém – e não por culpa de ambos, mas porque a demanda é ridícula. E o terminal de Mosqueiro parece fadado a se tornar um elefante branco com tromba dentro d’água.
Tudo pelo turismo
A linha serviria para incentivar o turismo e locomover os moradores daquele distrito, mas carregadores de bagagens do Terminal Hidroviário confirmam e o único guichê que chegou a vender passagens para o trecho também congelou.
“As viagens, uma delas com apenas um passageiro, foram feitas durante uma semana, através da lancha ‘Golfinho’, que oferecia vagas quando sobravam da linha do Marajó”, disse um dos carregadores.
Licitação deserta
Funcionária do terminal disse à coluna que nenhuma empresa teve interesse em participar da licitação lançada pelo governo do Estado para atender o serviço. Outro funcionário do terminal, disse que, sem a licitação, sequer há local para venda de passagens. No guichê da Master Motors, empresa que opera as linhas para Soure e Salvaterra, mas que chegou a transportar passageiros com destino à Ilha do Mosqueiro, já não há venda de bilhetes para a ‘Bucólica’ com conexão para o Marajó. A alternativa, segundo ele, é sair do trapiche do Ver-o-Peso, mas ao ritmo de lotação, esclareceu.
A ver navios
Para Ana Celia Dias, filha de Mosqueiro, a expectativa da construção do terminal hidroviário era muito grande. E, segundo ela, uma lancha seria disponibilizada de forma imediata, o que teria até acontecido. Contudo, a expectativa com a inauguração foi frustrada. “Nós pensávamos que era diretamente para o povo do Mosqueiro, mas o que apareceu foi uma lancha que é de Soure, e vem de lá para Mosqueiro. Assim, ficamos na dependência da lotação deles. Não foi um transporte para nós, mosqueirenses”, critica. “Acaba que o povo daqui fica com uma expectativa de querer viajar, e não pode”.
A coluna encaminhou pedido de posicionamento para a Prefeitura de Belém e governo do Estado para esclarecer sobre as questões apontadas em relação à linha fluvial e aguardamos respostas.
Papo Reto
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