A diferença entre os candidatos Lula e Bolsonaro fechou em 5% na contagem final do TSE, mas nos dias que antecederam as eleições os institutos de pesquisa promoveram verdadeira confusão no eleitorado, publicando com mais erros do que acertos/Fotos: Divulgação.
 

Por Olavo Dutra|Colaboradores

Os institutos de pesquisas erraram nas previsões do resultado eleitoral para presidente nesse primeiro turno. Acertaram no patamar de votos de Lula, mas erraram – muito – no patamar de votos de Bolsonaro. A diferença entre ambos foi de pouco mais de 5%, enquanto os institutos apontavam entre 17% a 6% a favor de Lula. Essa última diferença, mais próxima do resultado oficial, foi da Paraná Pesquisa, que errou nos patamares de Lula e Bolsonaro – 42% a 36%. O que explica isso: não se tem clareza das causas possíveis, mas, livre pensar é só pensar. Vejamos.

Cabos eleitorais

Um: a metodologia das pesquisas não capta a força dos cabos eleitorais digitais, principalmente de vertentes religiosas. Em Minas Gerais, por exemplo, o candidato a deputado, Nikolas, foi eleito com 1,4 milhão de votos e tem na internet 3 milhões de seguidores. Esse candidato bolsonarista muito provavelmente pesou na votação de Bolsonaro.

Força do voto útil

Dois: a movimentação de última hora. Segundo os institutos, na véspera das eleições, votos brancos e nulos somavam cerca de 9% e fecharam as eleições com 4%. Ciro, com 6% na véspera encerrou com quase 3%. Foram 8% de votos que migraram para Bolsonaro, uma vez que Lula permaneceu com o seu patamar inalterado. A estratégia do PT de captação do voto útil, principalmente de Ciro, pode ter desagradado esses eleitores, que em protesto votaram em Bolsonaro.

‘Voto envergonhado’

Três: a terceira tentativa de explicação é uma combinação do ‘voto envergonhado’ com a suposta estratégia bolsonarista de boicotar as pesquisas para desgastar os institutos. O eleitor do Lula declarou corretamente a sua intenção de voto, mas o eleitor do Bolsonaro, possivelmente omitiu – se revelou indeciso, branco ou nulo, e no dia da eleição converteu o voto para Bolsonaro -, ou mentiu.

Falta que faz o Censo

Quatro: a quarta causa é a que especialistas ouvidos pela coluna consideram menos relevante e a que menos influiu nos erros. Diz respeito à defasagem de dados populacionais, uma vez que o último Censo data de 2010 – alguns dados censitários são utilizados no processo de estratificação das amostras. Contudo, essa defasagem pode ser minimizada com estimativas estatísticas, considerando outros indicadores. Por exemplo: distribuição de renda pode ser atualizada com base no consumo com energia elétrica, disponibilizado pelas concessionárias. 

Tentativa e erro

É muito provável que as três primeiras causas justifiquem os erros dos institutos, que precisam sentar e incorporar em suas metodologias essas particularidades, principalmente o peso dos cabos eleitorais digitais na mensuração da intenção de voto. Pesquisas são fundamentais para nortear o planejamento de campanhas e não podem ser descartadas pelos erros desse primeiro turno.