O Marajó foi a região que mais apoiou as candidaturas patrocinadas pelo do governador Helder Barbalho e o ex-presidente Lula, com cerca de 80% e 70% dos votos, respectivamente. A região elegeu para a Assembleia Legislativa os representantes de Breves, maior município do arquipélago, Luth Rebelo, da família de proprietários da empresa Bom Jesus de Navegação, e de Andreia Xarão, esposa do prefeito Xarão Leão, que jogou todos os seus trunfos na eleição da mulher.
O arquipélago também contemplou com boas votações o ex-deputado Iran Lima, tio do prefeito de Soure, Guto Gouvea, e Cilene Couto, filha do ex-senador e candidato ao Senado Mário Couto, dois dos mais votados para deputado estadual na contagem final de votos. Tanto Xarão Leão quanto Guto Gouvea saem da disputa como lideranças importantes no quadro político marajoara.
Detalhe: a deputada Ana Cunha, de Barcarena, demonizada pela população por conta dos serviços precários da empresa de navegação na região, também tirou sua ‘casquinha’ no Marajó e se reelegeu à Alepa. Iran Lima é um dos nomes fortes para presidir o Legislativo estadual.
Mulheres como nunca
Ao final do pleito, das dez deputadas com mandato, restaram apenas sete, que tomarão posse em 2023, a maioria em primeiro mandato, deixando de fora, entre outras, a ex-jatenista Heloisa Guimarães. Em compensação, para a Câmara foram eleitas sete mulheres, número jamais alcançado no passado, várias delas com expressivas votações, inclusive com a mais votada, a primeira dama de Ananindeua Alessandra Haber, com quase 260 mil votos e Elcione Barbalho, mãe do governador, que vai para o sexto mandato, com 175 mil votos.
Sem força de arrasto
Estranho foi o senador Zequinha Marinho, candidato ao governo do Estado pelo Partido Liberal, o mesmo do presidente Bolsonaro: fez muito mais votos do que as pesquisas indicavam, mas não conseguiu eleger sua mulher, Júlia Marinho, cuja candidatura foi turbinada com R$ 1 milhão do Fundo Eleitoral, à Câmara Federal.
O PT, que havia encolhido em 2018, voltou a crescer nesta eleição, conseguindo vaga no Senado, quatro representantes na Assembleia Legislativa e dois deputados federais – Airton Faleiro, reeleito, e Dilvanda Faro, mulher do senador eleito Beto Faro.
Papo Reto
- Reeleito à Câmara Federal por mais quatro anos, Joaquim Passarinho (foto) vai encerrar a carreira política…na Câmara. Ontem, no calor da vitória, lançou-se primeiro candidato ao Senado em 2026.
- Explicação de um observador sobre a performance do Psol nas urnas: ‘o partido virou uma lata com caranguejos vivos, um subindo no outro para tentar escapar e caindo de volta’.
- A vitória de Edmilson sobre Eguchi nas eleições municipais custou alguns milhões ao governador Helder Barbalho.
- Só que Ed 50, Marinor Brito e companhia continuam achando que foram eles que venceram. Por isso se deram ao luxo de se dividir em bandos.
- Anotem: Daniel Santos, prefeito de Ananindeua, marido de Alessandra Haber, campeã de votos para a Câmara, é pule de 10 como candidato à sucessão de Helder Barbalho em 2026.
- A vereadora Lívia Duarte, eleita deputada estadual, e mulher do secretário Cláudio Puty, não tem a simpatia dos Barbalhos.
- Culpa do marido, que, no governo Ana Júlia, foi rotulado pela família como persona non grata, por suposto mau tratamento dado ao MDB de então.
- Sobre candidaturas evangélicas que vêm se desidratando na Assembleia Legislativa a olhos vistos. É que, quando o pastor se ausenta, as ovelhas ‘vazam’.
- O governador Helder Barbalho conseguiu fazer dez deputados, ou 25% da bancada de MDB no Brasil.
- Esse resultado cacifa o governador como o herdeiro do cocar nacional do partido, cujas decisões estratégicas terão que passar por ele.
- Até agora ninguém, indígena ou não, se apresentou para falar sobre a performance de candidatos saídos das aldeias no Pará. Só se sabe que alguns cocares voltaram convenientemente para o armário.
- O nome mais trabalhado pelo PT nas eleições deste ano foi o do deputado federal Airton Faleiro.