Acusado de ataques à BBF, o indígena, além de menino-propaganda da empresa que se instalou em Paragominas e planeja chegar a Tomé-Açu, é apontado como sócio do empreendimento autointitulado ecologicamente correto/Fotos: Divulgação-Vídeo-Tabb Mobility.
Dono de empresas e negócios duvidosos, segundo relatos policiais, líder indígena divulgou em suas redes sociais a implantação do aplicativo na região, com frota movida a biodiesel e cujo produtor é desconhecido; suspeitas apontam que Paratê seria dono de usina desativada em Ipixuna.
Égua, não!
A expressão, que faz parte do cotidiano da Feira do Ver-o-Peso, em Belém, mas também é corriqueira no high society tupiniquim, cai como luva – perdão, como algemas – para definir o atual status do indígena Paratê Tembé, acusado de ser mentor de ataques sistemáticos às plantações de dendê e instalações da BBF (Brasil Biofuels), que atua na região de Acará-Tomé-Açu: um rico e próspero empresário.
Contando, ninguém acredita: Paratê Tembé é tido e havido como suposto sócio de um aplicativo semelhante ao Uber, oriundo de Goiânia e instalado em Paragominas, nordeste do Estado. O serviço promete plantar uma muda de andiroba a cada 50 corridas usando uma frota de veículos de luxo movida a biodiesel – negócio que, além de se apresentar como sustentável, é o suprassumo em responsabilidade social e – diz que – da defesa das minorias, incluindo indígenas e quilombolas. Não à toa, prepara as bases para chegar ao novo endereço.
Mas, perguntar não ofende: antes de se instalar em Tomé-Açu e região, como a frota irá se mover, considerando que a Carapa guianensis, a andiroba, aplicada no tratamento de reumatismos, inchaços e contusões só irá produzir muitos anos depois de sair para o campo, isso, após sete a oito meses do plantio em viveiros?
Haverá um Plano B? A BBF produz biodiesel a partir do dendê colhido em plantações na região de Acará, área em que Paratê Tembé e lideranças quilombolas têm sido flagrados furtando frutos, incendiando veículos, destruindo máquinas e equipamentos e fazendo reféns em ataques sem precedentes que obrigaram a empresas a registrar mais de 700 boletins de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil local.
100 mil árvores por ano
Com a palavra, a empresa que responde pelo uber genérico Tabb Mobility, cujo modelo anuncia o plantio de uma muda a cada 50 corridas, com previsão de mais de 100 mil árvores por ano, justamente para produzir biodiesel a partir de andiroba. De tão ambicioso, o projeto, que, dizem, envolve o notório indígena Paratê Tembé, deve ter o dedo de empreendedores com muito faro para esse tipo de empreitada.
Aplicativo vem de Goiânia
A coluna apurou que o executivo por trás do aplicativo atende pelo nome de Mauricio Cruz Martins, de Goiânia, o mesmo que desenvolveu os apps Tilary, Shopper Economize br, Ub9. O Tabb é uma derivação do Tilary: usa o mesmo sistema e tecnologia, com outro nome e outro visual de telas, mas, no frigir dos ovos, tudo é a mesma coisa.
Em Paragominas, o endereço do aplicativo é o mesmo da Transportes Caliman Ltda., que seria o operador logístico e monopoliza o transporte de ônibus intermunicipal e municipal há 25 anos na região. O endereço da empresa consta no aplicativo, mas informações de fonte da coluna dão conta de que a Caliman teria saído do negócio.
Desativada e em ruínas
Matéria publicitária divulgada pelo aplicativo não informa qual seria a provável usina que abastece a frota de veículos e, coincidência ou não, a única na região encontra-se em Ipixuna do Pará. A Raízes do etanol, CNPJ 30.278.039/0001-36, razão social O. de O. Câmara Ltda – leia-se Olenka de Oliveira Câmara -, está desativada e deteriorada. É ligada à empresa Belle Native, fabricante de cosméticos, óleos vegetais e chás e teria sido vendida a Orcir Ribeiro por R$ 3 milhões.
Segundo informações, a unidade pertenceu a um ex-prefeito de Ipixuna, supostamente ligado ao deputado Chamonzinho e teria como testa de ferro um gerente da Caixa Econômica, dono de empresas, inclusive uma de marketing e tecnologia, em São Paulo e ligado ao indígena Paratê Tembé, que, por sua vez, é apontado como novo dono do negócio.
Muito faro para negócios
Paratê Tembé já postou em suas redes sociais a divulgação do aplicativo Tabb Mobility para operação em Tomé-Açu. Também a ele se atribui muito faro para o negócio de plantar 100 mil árvores de andiroba e explorar serviço de aplicativo à base de biodiesel. Afinal, sua notoriedade e capacidade de criar empresas na região se baseiam, conforme boletins policiais, em furtos de dendê da companhia BBF.
Em tempo: a coluna confirmou que a empresa Caliman se afastou do negócio, o gerente da Caixa Econômica já não está em Paragominas, que a unidade fabril de Ipixuna do Pará não funciona e o indígena Paratê Tembé não é conhecido no município, mas em Ipixuna, sim. Mais: em Tomé-Açu, comenta-se à boca pequena o novo negócio do líder indígena.
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Papo Reto
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