Coronel da reserva do Exército, Sebastião Rodrigues de Moura, o lendário Major Curió, morreu na madrugada de hoje, aos 87 anos, em um hospital na Asa Sul, em Brasília. Mineiro de nascimento, mas conhecido por atos, palavras ações e até omissões polêmicas, o ex-militar desenhou a maior parte da sua vida em território paraense.
Responsável por comandar a repressão à Guerrilha do Araguaia na ditadura militar, Major Curió acabou denunciado pelo Ministério Público Federal por homicídio e ocultação de cadáveres durante o combate à guerrilha. Ele foi o oficial do Exército que comandou o movimento contrário à ditadura militar, que atuou entre as décadas de 1960 e 1970. O combate entre guerrilheiros e militares ocorreu na divisa dos Estados de Goiás, Pará e Maranhão, com saldo de 67 opositores à ditadura mortos. Segundo o Ministério Público Federal, Curió e os militares subordinados a ele chegaram a matar pessoas mesmo estando rendidas e sem apresentar resistência.
Em maio de 1980, o oficial foi designado pelo regime militar interventor em Serra Pelada, região sudeste do Pará. Na ocasião, se tornou a única autoridade civil e militar da região. Curió proibiu a entrada de mulheres, cachaça e armas na zona de trabalho. O revólver dele “cantava mais alto”. Em agosto do ano passado, o MPF registrou a 10ª denúncia contra militares por crimes na repressão à Guerrilha do Araguaia. Comandante da operação, Sebastião Curió foi acusado em sete das dez ações. No total, foram sete denúncias pelos assassinatos de dez opositores à ditadura; duas por sequestro e cárcere privado de seis vítimas; e uma por falsidade ideológica.
Apesar da carga de acusações, Major Curió tem histórias que só o Pará produz: foi figura fronteiriça entre o bem e o mal, com raízes plantadas não só no Garimpo de Serra Pelada, onde era herói para os garimpeiros e bandido para as autoridades. A histórias lhe dará o veredito final.