Neste ano, o Psol no Pará receberá, por decisão nacional do partido, R$ 3,932 milhões, a serem distribuídos da seguinte forma: R$ 508 mil para candidato ao governo; R$ 2,169 milhões para a chapa de deputados federais e R$ 1,255 milhão para contemplar candidatos a deputados estaduais.
O critério utilizado para deputados federais e estaduais procura privilegiar o grupo Primavera Socialista, ligado ao prefeito Edmilson Rodrigues. Para os deputados federais, a candidatura de Vivi Reis receberá do partido R$ 1,429 milhão, cabendo a Marinor Brito R$ 722 mil. Utilizando sua maioria na Executiva estadual do partido, a Primavera Socialista quer tirar R$ 300 mil da candidatura de Vivi Reis e diminuir em outros R$ 300 mil o repasse para as candidaturas estaduais.
Perde e ganha
Nessa engenharia de números, a maior prejudicada seria a chapa de candidatos a deputados estaduais, sobretudo a professora Silvia Leticia, que é suplente de vereadora em Belém e, como pré-candidata ao governo do Estado, chegou a pontuar em todas as pesquisas eleitorais.
Para dar um exemplo da disparidade, a presidente do Psol Belém, Leila Palheta, ex. mulher do chefe de gabinete Aldenor Junior, que nunca foi candidata, será agraciada com mais de R$ 100 mil, cabendo a Silvia Leticia pouco mais de R$ 9 mil. Nice Tupinambá, atual mulher do chefe de gabinete, que é investigada supostamente por comandar a guerrilha digital da Prefeitura de Belém contra adversários políticos, é candidata a deputada federal. Com o remanejamento da verba eleitoral dos deputados estaduais deverá receber mais de R$ 200 mil.
A bronca é geral entre os candidatos do Psol, a ponto de a Executiva estadual suspender a reunião que ocorreria no último sábado para deliberar sobre o tema. A suspensão está no fato de que muitos candidatos e candidatas prejudicados somente vão receber uma limitada cota de panfletos, adesivos e nada mais.
O fator Sílvia Letícia
O que se diz é que existe uma tentativa real de sufocar a candidatura a deputada estadual da professora Silvia Leticia por determinação direta do próprio prefeito Edmilson Rodrigues e do grupo em seu entorno. A sindicalista é opositora radical às medidas adotadas pela prefeitura e uma das responsáveis por derrotar Edmilson em seu intento de apoiar a reeleição do governador Helder Barbalho.
Pelo jeito, a Ouvidoria da Mulher criada pelo Tribunal Regional Eleitoral para receber demandas relacionadas à violência contra a mulher, seus direitos políticos e à igualdade de gênero terá muito trabalho pela frente.