Em Icoaraci, região metropolitana, um amontoado de shows promovidos na noite da última sexta logrou mau resultado, com quase zero público e muito balanço sem animação. Veja nas imagens que o único espectador visível em um dos shows chega desviar o olhar do dançarino/Fotos: Redes Sociais.
No final de semana passado, pelo menos, havia grupos cantando para ninguém afastados cerca de 200 metros um do outro. Nome da promoção: “Projeto música para ninguém, onde nem pipoqueiro vem”.
Desde a semana passada, e além, promoção financiada com dinheiro público pela perdulária Fundação Cultural Tancredo Neves tem incomodado moradores de Icoaraci, embora também ocorra em Belém, Outeiro e Mosqueiro, Castanhal e outros municípios, com derrame de verbas que supera de longe a casa dos R$ 2 milhões. A proposta seria beneficiar bandas musicais locais, torrando dinheiro público – com todo respeito aos músicos paraenses – ao passo em que outros setores estão na pindaíba. Em Icoaraci, por exemplo, o lixo dá no meio da canela, como em Belém e demais distritos.
Durante a manhã do último sábado, movida por imagens que circularam nas redes sociais na noite anterior, a coluna não conseguiu identificar o projeto nas redes sociais da prefeitura e do governo. Nas áreas onde a programação se desenvolve, as informações são as mesmas e nunca conflitantes: trata-se de uma promoção articulada entre o Estado e a prefeitura. Somente nesta semana a coluna teve acesso a extratos de inexigibilidade de licitação em que o presidente da Fundação, Thiago Miranda, autoriza o repasse de recursos via “Projeto Cultura Sonora Amazônia” para a Tribus Criativa, Produções e Consultoria, R$ 73 mil, e F5 Produções e Eventos, favorecendo oito cantores em Castanhal, nesse caso, no valor de R$ 120 mil.
Música para ninguém
Àquela altura, sem um nome para o projeto e informações oficiais que poderiam localizá-lo no tempo e no espaço, custos, propósitos e alcance, a coluna se atreveu a emprestar um modesto apelido ao seja lá o que fosse a iniciativa, destacando que os promotores, até então, não haviam sido identificados: “Projeto música para ninguém, onde nem pipoqueiro vem”.
Explica-se: vídeos que circulam nas redes sociais apontam que a promoção da última sexta-feira, em Icoaraci, foi do nada para lugar nenhum, isto é, contrataram palcos, bandas, cantores e segurança, mas se esqueceram de combinar com o público, que foi zero. Zero não: em um dos eventos via-se um espectador, ainda assim, meio que enfadado. Os rapazes de bandas locais cansaram da própria beleza musical para as árvores – e mesmo elas devem ter ficado confusas. Em determinado espaço, três bandas se exibiam, uma a menos de 200 metros da outra. Um desperdício até de votos. Afinal, pão e circo nem sempre caem bem.
Danação política
Com o governo do Estado fatiado em pedaços por conta de compromissos – cada pedaço é dividido para cada três ou quatro famintos -, esse tipo de danação política parece até normal; mas não é – porque seu formato em si decreta o “cada um por si”. Thiago Miranda, presidente da Fundação, que patrocina ‘a causa das bandas locais’, também é herdeiro de uma tradição política coronelista e desagregada do movimento social real.
Cobrança da história
O momento é ruim. A história haverá de cobrar da esquerda algum rasgo de oposição e ela não o terá para pronta entrega, porque está rendida. Psol, PT e PCdoB hoje são estruturas voluntariamente manietadas pela estratégia de poder daqueles que em 20 anos dinásticos escrevem o livro da vida.
A vida deles.