“Abraçar o mundo com as pernas” é próprio do deputado evangélico: enquanto chama para si, indevidamente, os méritos de projeto que isenta templos de pagamento de tributos, vira as costas para dezenas de funcionários da Emater que embarcaram em suas promessas de campanha e serão demitidos hoje/Fotos: Divulgação.

Sabe quando a emenda sai pior que o soneto? Foi no que deu a tal prestação de contas do deputado estadual Fábio Freitas, durante sessão ordinária da Assembleia Legislativa, na última terça. Usando dois momentos distintos na tribuna para “prestar contas de um mandato que age em defesa do Evangelho”, o deputado, que reza pela cartilha da Igreja Universal, comprou briga feia com os demais parlamentares evangélicos quando chamou para si os méritos de projeto de lei que isenta os templos religiosos e igrejas da taxa de ICMS cobrada pelo Estado.

Em cima do lance, as redes sociais de Fábio Freitas logo foram inundadas com críticas, denunciando um pecado muito comum entre alguns políticos: a tentativa de se apropriar de causa alheia apenas para fins eleitoreiros.

Moção versus projeto de lei

Nervoso e constrangido, Freitas mandou buscar às pressas em seu gabinete cópia de moção com que solicita a isenção, mas, ainda assim, não saiu da saia justa. Moção é um documento meio que simbólico e sem efeito prático, ficando uma volta ao mundo de distância de um projeto de lei cuja autoria, de fato, não pertence ao pastor da Universal.

Gaguejando até pela falta do que dizer, Fábio Freitas foi obrigado a mudar o discurso, dizendo que o projeto foi uma “iniciativa coletiva” dos parlamentares evangélicos que integram – mas a briga com quem realmente correu atrás da isenção já havia sido estabelecida.

Emater encerra contratos
sem aviso prévio e manda
pessoal para o olho da rua

Servidores da Emater aprovados em processo seletivo simplificado para trabalhar nas ações do programa Territórios Sustentáveis na região do Xingu e na Região Metropolitana de Belém receberam um balde de água fria, ontem. É que os contratos vencem hoje e ninguém foi chamado para renovar, quer dizer, estão dispensados. O fato é que, sem o menor aviso, contratados quem trabalham no Xingu – muitos oriundos da Região Metropolitana de Belém – levaram famílias e agora se veem obrigados a vender móveis, cancelar matrículas de filhos em escolas locais e a entregar casas em que residem diante das informações da empresa.

Onde andam vocês?

Muitos estão indignados e ameaçam procurar a Justiça do Trabalho. A situação também compromete todas as ações do programa Territórios Sustentáveis. O presidente Rosival Possidônio teria garantido aos servidores que os contratos seriam renovados, mas o fato é que, em plena rua da amargura, os servidores não conseguem encontrar o presidente, que está em plena campanha no interior a mando da dupla Vavá Martins (deputado federal) e Fábio Freitas (deputado estadual). À coluna, funcionários informam que ninguém foi procurado pelo setor de recursos humanos da Emater. “A empresa está literalmente entregue às baratas”, disse um técnico da linha de frente.

Promessa de políticos

Os recursos para a contratação, segundo servidores, são valores recuperados da operação Lava Jato. Os contratos seriam encerrados em dezembro de 2021, mas poderiam ser prorrogados – a bem querer da empresa – até 31 de maio de 2023, após a aprovação do projeto de lei complementar na Assembleia Legislativa.