Reportagem publicada na edição de hoje do jornalão americano “New York Times” aponta que árvores antigas da Amazônia absorvem mercúrio nas áreas próximas à mineração de ouro. O estudo foi feito por universidades americanas no Peru. Com relação ao Brasil, a reportagem cita que o estudo começou porque pesquisadores brasileiros detectaram níveis altos de mercúrio na população. Segundo estudo da Nature Communications, aves da área ao redor da Estação de Pesquisa Biológica Los Amigos, no Peru, têm 12 vezes os níveis normais de mercúrio em seus sistemas, informação que é corroborada pela da Duke University. “Essas florestas estão prestando um enorme serviço ao capturar uma enorme fração desse mercúrio e impedindo que ele chegue à piscina atmosférica global”, disse a professora de biologia da Duke, Emily Bernhardt. Isso torna “mais importante que eles não sejam queimados ou desmatados, porque liberaria mercúrio na atmosfera”, acrescentou.
Mineração é altamente destrutiva
A Amazônia está em meio a um boom de mineração de ouro altamente destrutivo, alimentado pela crescente demanda por ouro, cujos preços estão em US$ 1,8 mil a onça, quase quatro vezes mais do que em 2001. Esses preços atraem ondas de mineradores para as margens da Amazônia e fazem do Peru o sexto produtor mundial.. A mineração criou cicatrizes na selva visíveis do espaço, de acordo com o Observatório da Terra da Nasa, a Agência Espacial americana. O mercúrio também é uma neurotoxina que cresce cada vez mais concentrada à medida que sobe na cadeia alimentar, até as pessoas.
Consumo de peixe deve ser menor
Um estudo brasileiro recomenda que a população da Amazônia em áreas de mineração coma alguns peixes predadores menos de uma vez por mês, e um estudo anterior da Duke descobriu que 62% da população da região têm níveis de mercúrio acima do limite. Esses estudos foram focados na poluição da água. O estudo da Duke, por outro lado, olha para o dossel. Os pesquisadores dispararam estilingues no dossel e derrubaram as folhas, que coletaram amostras de mercúrio. O resultado foi dramático. “Descobrimos que as florestas maduras da Amazônia próximas à mineração de ouro estão capturando grandes volumes de mercúrio atmosférico, mais do que qualquer outro ecossistema anteriormente estudado em todo o mundo”, disse a pesquisadora Jacqueline Gerson, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, em comunicado.
Proteção às comunidades do entorno
Uma vez nas árvores, o mercúrio não fica parado. Os pesquisadores encontraram concentrações elevadas nas penas de três espécies de pássaros canoros nas profundezas de uma reserva próxima e longe da atividade de mineração. Jacqueline Gérson, a principal pesquisadora, diz que não quer que a mineração seja encerrada. “Ela defende a necessidade de se trabalhar com as comunidades para encontrar maneiras de os mineradores terem um meio de vida sustentável e proteger as comunidades indígenas de serem envenenadas pelo ar e pela água”, destacou.