Está no Mural de Licitações: a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social lançou edital para compra de 37 viaturas blindadas, com preço total estimado em R$ 58.830.000,00, o equivalente a R$ 1.590.000,00 por veículo. A informação se espalhou como rastilho de pólvora e gera uma dúvida entre policiais, que abriram bolsa de apostas: a quem serão destinados esses blindados, isto é, os privilegiados e mais protegidos, mantidos com o dinheiro do contribuinte tanto quando o restante da população, que sofre com a insegurança diária por todo o Pará?

Será que os beneficiários serão os militares do interior, que atuam sem a mesma estrutura e proteção dispensadas aos militares da Região Metropolitana, ou serão beneficiadas com proteção extra apenas algumas autoridades da capital? O fato é que muitos policiais continuarão em viaturas sem blindagem. Senhores, façam seu jogo.

Seguro morreu de velho?

Outra questão que se levanta para quem consulta o mural é a contradição estampada entre a proposta de compra milionária e a propaganda oficial, segundo a qual o Pará é um Estado seguro e sem violência. Ora, por que a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social precisaria de blindados se a propaganda retrata essa realidade?

Lacunas a preencher

Na mesma linha de raciocínio, em uma escala de prioridade há unidades de saúde do Estado precisando de equipamentos e remédios e escolas necessitando de reformas e manutenção, o que remete à noção de que a dinheirama disponibilizada para aquisição de 37 blindados bem que caberia para atender essas e outras demandas que afligem a população.

Os primeiros veículos blindados adquiridos pelo governo do Estado para o combate à criminalidade foram entregues em dezembro de 2020, incluindo uma lancha e equipamentos de comunicação. A lancha blindada é utilizada pelo Grupamento Fluvial, vinculado à Segurança Pública, e foi construída com investimento total de mais de R$ 2 milhões pagos pelo Tesouro estadual.

Definição de prioridades

Mas agora, como não se tem bola de cristal, convém aguardar para saber como o Estado irá definir critérios e escolher quem terá proteção extra de segurança. A bolsa de apostas segue aberta, sem taxa de participação.