O governador Helder Barbalho já deu mostras suficientes de que não joga para perder; quando perde, como diz o hino do Paysandu, “é por descuido”, e descuido inclui excesso de confiança – antes que o redator esqueça: Helder Barbalho é torcedor do Clube do Remo.
Na engenharia política que tem delineado desde que se deu por gente, Helder não foi cirúrgico em todas as suas escolhas políticas. Padece do dilema humano cuja noção determina que nem tudo sai conforme o planejado. No caso dele, como quem faz o bonsai, Helder poda o que plantou segundo sua determinação: um corte aqui, outro acolá, nem sempre tão delicadamente, segue moldando desejos – qualquer semelhança com Lúcio Vale, seu vice-governador eleito, que mandou para vitaliciedade no TCM, ou mesmo Chicão Melo, deputado presidente da Assembleia Legislativa, não terá sido mera coincidência.
O pacote e a bolacha
Ao escolher apoiar Beto Faro ao Senado, o atual governador do Pará jogou para ganhar mais uma vez, sem dar importância para quem vai sair perdendo, desde que não seja ele. Com a acuidade de quem mexe as peças do tabuleiro político, embutiu no pacote Beto Faro, para indigestão dos petistas, a sombra de Josenir Nascimento. O “sal” que alterou a pressão no PT continua provocando terríveis reações.
Grandeza hierárquica
O PT tem um sistema interno de grupos chamados tendência. A Unidade na Luta, presidida pela deputada e presidente do partido, Gleise Hofmam, é a mais forte, e tem o senador Paulo Rocha como membro. O candidato do PT Senado, Beto Faro, pertence à tendência Articulação de Esquerda, que reúne estrelas de segunda, senão de terceira grandeza na hierarquia partidária.
Prego sem estopa, não
A escolha de Helder, que atende pelo nome de Josenir Nascimento, para a suplência de Faro, não foi uma decisão aleatória; muito pelo contrário. Operador tipo fac totum da família Barbalho, Josenir fez, faz e fará de um tudo, mas pouco do que fez criou raiz, com um detalhe que Helder conhece muito bem: Josenir foi, durante anos, secretário executivo da Federação das Associações dos Municípios do Pará (Famep), que reúne a maioria dos prefeitos do Pará.
Foi no comando dessa Federação, no mais das vezes sob a orientação de Helder, que Josenir viabilizou projetos em Brasília, fortalecendo a entidade politicamente, atuando como um valete da família do governador em quaisquer situações, razão pela qual Helder não indicou à suplência de Beto Faro o ex-prefeito de Ananindeua Manoel Pioneiro ou o ex-senador Flexa Ribeiro. Helder Barbalho não mete prego sem estopa, mas o PT não sabia.
Papo Reto
- Na região sudeste do Pará, a falta de fiscalização ajuda no enriquecimento ilícito: caminhões com minério furtado destroem as já precárias estradas e os garimpos estão sem controle.
- As queimadas gigantescas seguem destruindo a vegetação para a criação de pastos, mas também estão à margem de controle.
- Grandes criminosos da internet, os hackers passam a investir em negócios lícitos e em lavagem de dinheiro, alguns deles com o pé na política.
- Municípios com grande arrecadação são dilapidados dia a dia, mas o dinheiro não fica no Pará e hospitais públicos há que sequer têm médico. É o caos.
- Alunos da Escola Municipal Cordolina Fontelles de Lima, bairro da Pratinha 2, retornam à escola com suas salas de aula, banheiros, sala de informática e todo o administrativo inconclusos.
- A Secretaria de Educação de Belém teria descredenciado a empresa vencedora da licitação, sem contratar outra. Foram-se as férias e obra, que é bom…
- A empresa Monte Cristo queima pneus a céu aberto, intoxicando a vizinhança e o meio ambiente. Fica na Visconde, entre Lomas e Perebebuí.
- O STF considera que taxa estadual de fiscalização mineral é constitucional. Estados argumentam que a cobrança é necessária para fiscalizar a atividade de mineradoras e evitar desastres naturais.
- A balança comercial registrou superávit de US$ 5,44 bilhões em julho, mas a alta dos preços de fertilizantes e petróleo fez o superávit encolher.
- No ano, a balança comercial brasileira acumula superávit de US$ 39,751 bilhões.