A série de ataques perpetrados desde a semana passada contra sites de notícias de jornalistas paraenses foi anunciada recentemente. É um jogo sem regras e fora das quatro linhas, no mais das vezes sem conhecimento da Justiça/ Foto: O Antagônico-Ilustração.

Dois elefantes invadiram a sala de cristal da máfia metida à italiana e o rebate veio com tiro de canhão. Na madrugada de ontem, a coluna foi bloqueada sob a acusação de abuso. Curiosamente, o mesmo ocorreu com o site O Antagônico, do jornalista Evandro Correa, que vinha sob ataque desde a semana anterior. As investidas anunciadas contra jornalistas paraenses foram astuciosamente articuladas e levam a um filme antigo, rodado no curso das eleições de 2018, quando investigações apontaram para certo personagem.

Ocorre que – surpresa! – os responsáveis pelos dois sites foram à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal – e eis que, tão rápidos quanto começaram, os ataques foram se desmilinguindo ao longo do dia, como na abertura da cortina que estampa um cenário maquiavélico, não pelo cansaço dos hackers, mas porque o tiro de canhão pode virar tiro no pé com efeitos colaterais inevitáveis e de grandes proporções, fazendo vítimas políticas dignas do epitáfio bem ao estilo da Cosa mostra de meia tigela: “Foram morar com os peixes”.  

MPF vai abrir inquérito
e cobrar explicações
sobre ataques a sites

Mas, vamos aos fatos ocorridos ontem, conforme trechos da narrativa do jornalista Evandro Correa em O Antagônico, sob o título “MPF vai abrir inquérito de crime eleitoral no caso da derrubada dos sites O Antagônico e Coluna do Olavo Dutra”:

Deu ruim para os hackers e seus patrocinadores no Pará. Os jornalistas Evandro Corrêa, do site O Antagônico e Olavo Dutra, do site Coluna Olavo Dutra, através da advogada Joseane Sousa, protocolaram nesta terça-feira denúncia formal na Polícia Federal e no Ministério Público Federal pedindo abertura de investigação sobre os sucessivos ataques de hackers sofridos pelos dois sites em menos de cinco dias.

Na PF, os jornalistas foram recebidos pelo superintendente Fábio Marcelo Andrade e outros cinco delegados. Evandro Corrêa pede que a PF e o MPF investiguem a prática de crime eleitoral, uma vez que ficou claro que os ataques sofridos pelos sites visam evitar a publicação e divulgação de matérias negativas contra a gestão de Helder Barbalho nos próximos três meses.  

Durante o depoimento dos jornalistas, ocorrido na sede da Polícia Federal, em Belém, um fato intrigou os delegados: os sites O Antagônico e Coluna Olavo Dutra, que até então estavam “fora do ar”, foram subitamente realocados nas suas plataformas, o que não deixou dúvidas de que se trata de ação de hackers e que os mesmos já sabiam que os jornalistas denunciaram a ação criminosa.

Depois de protocolarem a denúncia na sede da PF, os jornalistas seguiram para o prédio do Ministério Público Federal, onde foram ouvidos em depoimento pelo procurador eleitoral Alan Mansur. Depois de colher as oitivas, Mansur declarou que abrirá inquérito para (cobrar explicações) apurar e identificar as causas e os envolvidos nos ataques sofridos pelos dois sites. O protocolo de recebimento da denúncia foi enviado aos jornalistas horas depois da audiência.