Nada que o tempo não resolva: ao passo em que decidiu se desincompatibilizar do cargo de secretário de Ciência e Tecnologia para se lançar candidato à vaga de deputado estadual nas eleições de outubro, o professor Carlos Maneschy não precisará retornar aos quadros da Universidade Federal do Pará, nem enfrentar seus “demônios” – encarnados no atual reitor, Emanuel Tourinho -, ao mesmo tempo em que a professora Edilza Fontes chega ao seu próprio céu, desenhado ao longo dos de quase quatro anos como autointitulada “afilhada” do governador Helder Barbalho e igualmente “protegida” pela mãe dele, a deputada federal Elcione Barbalho, cujo mandato claudica na Justiça Eleitoral.
Edilza é a substituta de Maneschy no cargo, fato antecipado pela coluna, e passa a mover o tabuleiro da área de ciência e tecnologia do Estado sem as pedras do seu antecessor, que entra em uma campanha política – ou seria aventura política? – cujo lastro é incerto e não sabido. Afinal, desde a eleição em que concorreu à Prefeitura de Belém, em 2016 – e perdeu -, a fila andou e andou muito, e Maneschy não conseguiu imprimir ritmo próprio na Secretaria, ora abatido por problemas de saúde, ora, principalmente, pela pressão que recebeu do seu grupo de auxiliares, parte deles hoje aliada de Edilza Fontes.
Um projeto para cada um
Como secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, o professor Carlos Maneschy contabiliza apenas um projeto com sua assinatura: o Conecta Pará, que previa oferecer 40 mil pontos de internet gratuita no Estado, mas deu com os burros n´água por causa da pressão contrária exercida pela então-secretária-adjunta: os 40 mil pontos previstos caíram para 10 mil e desabaram – 5 mil, 3,5 mil, 1,5 mil e, finalmente, 500 míseros pontos que sequer saíram do papel. O outro projeto, o Forma Pará, tem a assinatura de Edilza Fontes e é defendido com entusiasmo pelo governador, que acaba de repassar R$ 23 milhões como investimento em 80 vagas de formação através da Unama.
Ao mestre, com carinho
Já no cargo, a professora Edilza Fontes confirma a que veio – remoções, substituições de servidores e mudanças que ainda não foram publicadas no Diário Oficial do Estado: Adjard Cruz assume a secretaria-adjunta e Maria Lúcia Ohana, a Tutuca, ex-chefe de Gabinete de Maneschy vai para a diretoria de Ciência e Tecnologia, cargo ocupado por indicação da deputada Nilse Pinheiro que, pelo visto, está mais preocupada com o próprio umbigo, deixando o Republicanos para se abrigar no PDT e seguir na base de apoio do governador Helder Barbalho. Pior: sábado, em uma festa de despedida do professor Carlos Maneschy, na Cervejaria Oficial, pode até ter faltado cerveja, mas sobraram elogios ao ex-secretário, todos copiosamente derramados sobre a mesa pela professora Edilza Fontes.