A confirmação, ontem à noite, da autorização do prefeito Edmilson Rodrigues à Secretaria de Educação para promover corte de ponto e desconto de salários dos trabalhadores não docentes em greve há quase dois meses está provocando um tsunami de indignação na base militante e entre filiados do Psol. O prefeito só não tem sido chamado de santo. Até a tendência Luta Socialista manifesta apoio aos servidores, mostrando que a desastrada administração extrapola os limites da sensatez, apesar de conduzida por um ex-sindicalista.
A principal reivindicação dos servidores é o pagamento do salário mínimo nacional, de R$ 1.212,00, no vencimento base, que hoje é de R$ 869,26. Os servidores também pedem o reajuste do vale alimentação de R$ 370 para o valor de uma cesta básica de R$ 600; plano de carreira da educação; melhorias nas condições de trabalho, fim das terceirizações e concurso público.
Em recente negociação entre o sindicato da categoria, o Fórum de Entidades do Funcionalismo e a equipe de negociação da prefeitura, comandada pelo ex-presidente do Psol nacional, Luiz Araújo, os servidores tomaram conhecimento de que a única proposta da prefeitura era de pagar 4,5% de reposição salarial no mês de agosto, e antecipar a parcela de 4,8% da campanha salarial do ano passado de agosto para junho, com a condição de suspensão da greve ou o desconto dos dias parados, como costumam agir os patrões.
Feridas abertas
A esta altura do campeonato, porém, as feridas aberta na batalha entre ex-companheiros já abriu feridas incuráveis. O Sintepp diz que o prefeito mentiu ao afirmar, publicamente, através dos meios de comunicação, que negociava com a categoria, enquanto nas escolas substituía trabalhadores concursados e grevistas por “fura-greves”, inclusive pagando R$ 1,6 mil, exonerava diretores eleitos pela comunidade escolar e apoiavam a greve por diretores ligados ao governo anterior, do PSDB, e a vereadores da direita. A justificativa era o não alinhamento ideológico com a prefeitura.
Passado é passado
Em quase dois meses de greve, o prefeito Edmilson Rodrigues jamais recebeu o Sintepp, do qual é um dos fundadores e o primeiro presidente e, acrescente o sindicato, optou por “desmoralizar” as mulheres que comandam a categoria, além de “contratar seguranças privados, verdadeira gangue que sempre serviu aos governos da direita, como Stefany Henrique, muito conhecido da esquerda paraense por sua truculência e agressividade contra as mulheres”.
Fábrica de maldades
Também existe o tal “Gabinete do ódio”, dirigido por detentores de cargos de confiança ligados ao prefeito para espalhar fake news contra a coordenadora-geral do Sintepp Belém, fato que está sendo investigado pela Polícia de Crimes Virtuais, sem falar que o prefeito, “diante de tantas evidências de práticas antissindicais ainda tem o desplante de chamar os grevistas de bolsonaristas e de esquerda fascista em suas lives e inaugurações de “obras” da prefeitura, muitas delas ao lado do governador Helder Barbalho”.
Apelo internacional
Em nota, a tendência interna do Psol, Luta Socialista, repudia “os métodos bolsonaristas de violência política, da intimidação, da mentira contra mulheres trabalhadoras, dirigentes do Sintepp e servidoras públicas municipais em luta por melhorias salariais e condições de trabalho”. Segundo o comunicado, “fazemos uma chamado nacional e em nível internacional às organizações de esquerda e democráticas a cercarem de solidariedade a greve em Belém, a exigirem do prefeito que volte atrás no corte de ponto, que negocie e atenda pessoalmente as reivindicações do sindicado e dos servidores em luta”.