Apesar de o governador Helder Barbalho e o próprio presidente do MDB, Jader Filho, garantirem céu de brigadeiro para a atual Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, com pequenas alterações de rota aqui e acola por conta de intercorrências e mudanças no quadro de parlamentares nas últimas eleições, há um clima de desconfiança no ar.
Ninguém se manifesta abertamente, mas também ninguém ignora as pretensões políticas dos dois deputados mais votados do MDB na Casa – Wanderson Chamon, o ‘Chamonzinho’, com 109 mil votos, e Iran Lima, ex-chefe da Casa Civil e homem de confiança de Helder, com de 92 mil votos. Atrás deles aparece o atual presidente da Assembleia Legislativa, fiel escudeiro do governador, deputado Chicão Melo, com 91,5 mil votos.
O querer e o poder
– Não basta ter sido o primeiro ou o segundo mais votado do partido para pleitear a presidência da Casa -, avisa importante personagem com assento na Assembleia Legislativa. Entre outros requisitos, o candidato precisa ter a simpatia dos parlamentares -, acrescenta, lembrando que nesse aspecto o presidente Chicão Melo nada de braçadas, inclusive por ter ‘pacificado’ a Casa – seja lá o que isso significa, acrescente-se.
Direitos adquiridos
Não parece claro que o deputado mais votado nas eleições do início deste mês tem o mesmo entendimento. Além do peso de mais de 100 mil votos, Wanderson Chamon soma sua grande parcela política e financeira para a eleição à Câmara Federal, onde costuma listar as deputadas eleitas Renilce Nicodemos, 162 mil votos, e Andréa Siqueira, 125 mil votos, ambas do MDB. Chamon e o prefeito de Tucuruí, Alexandre Siqueira, marido de Andreia, são personalidades do partido a quem se atribui independência política, inclusive junto ao diretório estadual.
Fogo no parquinho
Não bastasse, Chamon consolidou o peso de sua liderança no sudeste do Pará, como em Parauapebas e Marabá, onde trabalhou para eleger o vereador Aurélio Goiano à Assembleia. Goiano obteve apenas 37, 4 mil votos e não emplacou, mas estaria habilitado como pré-candidato a prefeito em Pebas em oposição ao grupo político de Darci Lermen. Em Marabá, Chamon criou um pesadelo para Tião Miranda, personificado na pessoa do seu ex-principal cabo eleitoral Márcio do São Félix, que obteve 13.878 mil votos no município e foi uma das causas da derrota de Tiago, filho de Tião Miranda, ao Legislativo estadual.
Volta por cima
O que se diz é que Wanderson Chamon vem com sangue nos olhos pelo cargo de presidente da Assembleia Legislativa, no qual também estaria de olho o ex-chefe da Casa Civil Iran Lima, segundo mais votado do partido. Mais atingido no processo de escolha da candidata a vice à reeleição de Helder Barbalho, Chicão Melo perdeu tempo precioso, mas se reabilitou e deu a volta por cima, garantindo a reeleição com 91,5 mil votos, embota tenha sofrido perdas. Teve reduzido, por exemplo, seu principal reduto eleitoral, Ananindeua, onde quem cantou de galo foi o prefeito Daniel Santos, que elegeu o vice-prefeito Erick Monteiro.
Nessa batida, céu de brigadeiro parece viagem – ou visagem.