Vídeo que circula nas redes sociais mostra o líder indígena Paratê Tembé possesso ao entrar na Delegacia de Polícia de Tomé-Açu para tentar socorrer o primo Kauã, preso por irregularidades no trânsito; o delegado, chamado de ‘terrorista’, fez que não ouviu/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.,
Indígena de 18 anos dirigia um Jeep Compass avaliado em R$ 200 mil, de propriedade de Francinete Caliman, nome ligado aos proprietários da empresa de transporte de Paragominas.
Kauã Tembé Lira caiu nas garras da Polícia Civil, que passou a agir de forma implacável contra os crimes praticados na região de Tomé-Açu e Acará, nordeste do Estado. No último domingo, acionada para uma ocorrência de ‘perturbação da ordem pública’ em um condomínio residencial, a Polícia se deparou com um veículo de luxo em alta velocidade trafegando na contramão e colocando em risco a vida dos transeuntes. O motorista resistiu à voz de parada, mas a perseguição policial fechou o cerco minutos depois, dando cabo da situação.
Ao volante do veículo estava Kauã Tembé, primo do líder indígena Paratê Tembé, o notório, sem habilitação e sem qualquer outro documento pessoal. Surpresa: o Jeep Compass, um SUV avaliado em cerca de R$ 200 mil, não está no nome de Kauã, nem do primo famoso por bater e arrebentar na região, mas de Francilene Silva Caliman.
A dona do carro
Francilene Caliman tem ligações com a família Caliman, em Paragominas, mas, em contato com a empresa, não foi possível falar com Hamilton Caliman, que estaria em reunião. A secretária do executivo, porém, que não se identificou, disse ‘enxergar’ Francilene para, em seguida, emendar: ‘apenas pelas redes sociais’. Francilene vive em Tomé-Açu e, pelo que a coluna apurou, ‘faz parte da família Caliman’ – mas as circunstâncias do relacionamento são ‘caso de família’.
Negócio ameaçado
Supostamente, a empresa Caliman estaria envolvida na implantação de um app de táxis no município com planos de se estabelecer em Tomé-Açu, através de Paratê Tembé, fato que levantamento da coluna confirma: Paratê adquiriu três cotas para instalar a franquia na região. Fontes da coluna, porém, dão conta de que os proprietários do app não mediram a real extensão do negócio com Paratê Tembé e estariam temerosos das consequências do envolvimento com o indígena.
Crime consentido
De qualquer modo, o que fazia um Jeep Compass nas mãos de um jovem que acabou de fazer 18 anos? Quem permitiu e confiou a entrega do veículo a uma pessoa não habilitada? Na avaliação da Polícia, os fatos, a serem comprovados, teriam empurrado seja lá quem for ao cometimento de crime previsto no artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro.
No banco dos réus
Na ocorrência envolvendo Kauã, Paratê Tembé chegou aos berros na Delegacia de Polícia, empunhando um telefone celular ativado no modo gravar e chamando a autoridade policial de “terrorista” pela prisão do primo. No próximo dia 13 de julho, Paratê e o pai dele, Lúcio Tembé, estarão no banco dos réus, dentro do Processo Criminal número 0000329-55.2016.8.14.0076, que se arrasta há oito anos no Tribunal de Justiça do Pará.