O deputado Eraldo Pimenta entrou em rota de colisão com agentes da corporação, em Uruará, se explicou em conta na rede social e em emissora de rádio, deixando uma certeza: agentes da corporação praticam extorsão na região. A coluna não obteve resposta da Ascom-PM, mesmo depois de falar com o comandante da PRE, coronel Aragão/Fotos: Redes Sociais.  

Por Olavo Dutra

Deputado estadual pelo MDB em terceiro mandato, Eraldo Pimenta diz que transmite ‘grito coletivo’ contra uma ‘arrecadação clandestina orgânica praticada com poder de Estado’ por agentes públicos.

Só para lembrar: etimologicamente, a expressão persa xeque-mate significa “o rei está morto”, mas, não convém transitar por essa ruela escura e escorregadia.

No caso do deputado estadual Eraldo Pimenta, do MDB, por óbvio aliado do governador Helder Barbalho, ao denunciar suposta extorsão praticada por agentes da Polícia Rodoviária Estadual em um trecho de cerca de 2 quilômetros asfaltado da PA-370 e a uns 200 quilômetros do centro da cidade de Uruará, a caminho de Santarém, no oeste do Estado, trata-se, segundo ele, de um ‘grito coletivo’ contra uma ‘arrecadação clandestina orgânica’ praticada por agentes públicos.  

O caso como ele se deu

Semana passada, o ex-vereador e duas vezes prefeito Eraldo Pimenta desembarcou em Uruará, de onde se lançou candidato à Assembleia Legislativa – entra agora no terceiro mandato – para se juntar à família no feriado de carnaval. Alguém deveria ter avisado. Antes dele, uma equipe da PRE havia se instalado em um hotel próximo à entrada da cidade, aguardando a hora. E, enquanto Eraldo se divertia com os netos, aconteceu: agentes da PRE apreenderam um trator supostamente dirigido por um menor e de propriedade do deputado. Acionado, o parlamentar foi ao local e entrou em discussão com os policiais, como mostram imagens amplamente divulgadas nas redes sociais.  

“Vai virar um antro…”  
Corte em áudio deixa
entrevista inconclusa

Dias depois do episódio, em entrevista a uma emissora de rádio de Uruará, Eraldo Pimenta descascou o abacaxi, mas, de alguma forma, a entrevista recebeu um acidental – ou seria providencial? – corte da produção e acabou inconclusa, embora tenha restado no ar uma certeza que, para o apimentado parlamentar, é inquestionável: a PRE, não o Batalhão da PM no município, estaria agindo fora da lei. Ontem, em entrevista por telefone à coluna, Eraldo Pimento sustentou as acusações e disse que irá em frente, a começar pelo pedido de investigação da Corregedoria da PM, seguido de denúncia ao Ministério Público.

Governador não sabe

Segundo o deputado, oito entre cada dez pessoas da região de Uruará sabem da prática de extorsão por agentes da PRE, que ele considera ‘orgânica’ no Estado desde priscas eras, atravessando governos a perder de vista. Eraldo aposta todas as fichas que o governador Helder Barbalho desconhece essa prática, ‘e quer mais que se explodam’ os culpados. Como corrupção não passa recibo, Eraldo Pimenta admite não ter provas físicas sobre essa prática, mas sabe que caminhoneiros pagam até R$100 mil por mês para ‘células de extorsão na cara dura’.

Sem meias palavras

Definitivamente, o parlamentar deverá reafirmar aos seus pares, a partir desta segunda-feira, que no Pará existe uma arrecadação clandestina orgânica com poder de Estado, no caso, a Polícia Rodoviária Estadual.

Comando não responde

A coluna fez contato direto ontem com o comandante da PRF, coronel Aragão, que indicou a Ascom da PM, responsável pelas manifestações institucionais, mas não obtivemos resposta até o final desta edição.