Depois da festa eleitoral, considerada a ‘festa da democracia’, ao mesmo tempo em que o cidadão brasileiro convive com protestos, fechamentos de rodovias e incertezas muitas empresas no Pará amargam jejum brabo na boca do caixa de prefeituras que não estão pagando fornecedores em dia, como deveriam. Em alguns casos, não pagaram absolutamente nada do que foi contratado, ou apenas parte do contrato, prática antiga que acontece em Belém, inclusive na área da saúde e de saneamento, e se estende a perder de vista pelo interior do Estado.
Desculpa do amarelão
A primeira desculpa na época eleitoral – ou eleitoreira, como queiram – era de que sua excelência o prefeito estava ‘em campo atrás de votos para os seus candidatos’ – muitos, claro, tentando eleger mulher, filho, cunhado, cachorro e papagaio para mostrar a força política e poder. Passado o pleito eleitoral, outra desculpa: o prefeito ‘está fora do município tentando uma articulação política’ no Estado. O certo é que dinheiro os municípios não deixaram de receber, por conta dos repasses estaduais e federais. O resto é conversa para boi dormir; senão, calote.
A fronteira do medo
A situação é tão complicada que tem empresário querendo procurar o Tribunal de Contas dos Municípios ou o Ministério Público Estadual, mas a coragem estanca nessa fronteira, temendo retaliações que poderão advir da ousadia por parte dos prefeitos e secretários – e virão.