Delegado Eguchi vai disputar 2º

turno contra Edmilson Rodrigues

Com 98,67% dos votos apurados até o fechamento desta edição, o candidato do Psol, Edmilson Rodrigues, irá disputar o segundo turno das eleições para a Prefeitura de Belém com o candidato do Patriota, delegado federal Eguchi, com votação de 245.282 votos (34,24%) contra 165.173 votos (23,06%), respectivamente. Em entrevista à imprensa, antes da totalização dos votos, Edmilson disse esperar “o apoio partidária da maioria”, enquanto Eguchi fez críticas às pesquisas eleitorais, que sempre o deixaram atrás do terceiro colocado.

Ataque frustrado

Não ficou muito claro, mas o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou ontem que houve uma “tentativa de ataque cibernético para derrubar servidores, neutralizada por técnicos do tribunal e das telefônicas”. O certo é que houve atraso na divulgação em tempo real dos resultados das eleições. Antes, o TSE atribuiu o problema a uma demora na soma dos votos, processo que nestas eleições foi concentrado no sistema do próprio tribunal. O atrasou não comprometeu a apuração final.

Via torta

Tecnicamente, os candidatos do MDB, José Priante, e Thiago Araújo, do Cidadania, foram abatidos pelos próprios cabos eleitorais na eleição de ontem. São eles o governador Helder Barbalho e o prefeito Zenaldo Coutinho, respectivamente. O eleitor evitou a dobradinha do MDB e a continuidade da gestão Zenaldo. Simples assim. Mas, como Helder tem seu próprio candidato, Edmilson Rodrigues, não se pode dizer que perdeu a eleição.

Pois é…

O reinado da família Barbalho sobre os destinos do Pará, iniciado há quase 50 anos, com o primeiro mandato do hoje senador Jader Barbalho à Câmara Federal, em 1975, nunca esteve tão evidente, com cargos simultâneos no Senado e Câmara Federal, governo do  Estado, muitas prefeituras e, agora, a disputadíssima eleição pela Prefeitura de Belém, que tem bilhões de reais no orçamento anual. É um caso a ser pensado.

Pais e filhos

Nos bastidores, aponta-se que as armações políticas familiares não andam assim tão “algodão doce” entre pais, de um lado, e filhos do outro, digladiando-se pelo poder, disputando indicações a cargos, ocupando espaços estratégicos em um embate  insano e promíscuo. Aos poucos, a nova geração vai jogando para escanteio as velhas raposas, inclusive seus criadores.  Mas, quem é que vai contar essa história daqui em diante?

Maior quiproquó

O horário de atendimento de prioridades estabelecido para as eleições gerou um quiproquó sem precedentes em diversas zonas e seções eleitorais, ontem. Alguns fiscais plantados à porta das seções lambuzando eleitores com álcool gel – inclusive quem levou seu próprio – não entenderam a mensagem da Justiça Eleitoral: no horário estabelecido – das 7h às 10h -, o atendimento era rigorosamente exclusivo para idosos, ainda que idosos não mais houvesse nas seções. Parece que a turma faltou ao treinamento dado pelo TRE.

Não pega

O protocolo criado pela Justiça Eleitoral para driblar a pandemia do novo coronavírus também foi quebrado em algumas seções eleitorais. Mesários provavelmente com problemas de visão insistiam em pegar os documentos dos eleitores e, em muitos casos, encontraram resistência. A regra proíbe essa providência. Aliás, na entrada das seções, praticamente todos os fiscais pediam documento, sem se contentar apenas em ver.

Fique fora

A juíza eleitoral Vanessa Ramos Couto afastou das funções de superintendente da Polícia Civil de Castanhal o delegado Paulo Henrique, que vem a ser cunhado do prefeito Pedro Coelho, que tenta a reeleição. Paulo Henrique está presidente de uma sigla partidária no município. Em seu despacho, a juíza alega o princípio da “impessoalidade”, que vem a ser o dever imposto à administração pública, por seus agentes, servidores e funcionários de tratar a todos os administrados com igualdade. Não era como o delegado agia claro.

Prova do crime

Dois vídeos feitos por volta das 22 horas do último sábado por funcionários da Companhia Têxtil de Castanhal, durante a troca de turno, flagraram o prefeito de Castanhal, Pedro Coelho, distribuindo santinhos na porta da empresa. Pedro e Rosângela, mulher dele, ainda tentaram se justificar ante as pessoas que registraram o crime eleitoral. Não deu: ela, mãos rápida, puxou o marido pelo braço e o arrastou para dentro do carro, abandonando o local. Os vídeos têm tudo para incomodar o prefeito daqui para frente.

  • Pesando bem, as urnas mandaram um recado, curto e grosso, ao governador do Pará, Helder Barbalho. A menos que ele não acredite na máxima segundo a qual “para o bom entendedor, meia palavra basta”.
  • A velha e nefasta prática de emporcalhar as cercanias dos locais de votação com santinhos piorou neste ano, sobretudo nas zonas periféricas de Belém.
  • Em muitos locais, o chão chegou a ganhar um tapete colorido com a cara dos irresponsáveis, debaixo dos olhos da Justiça Eleitoral, pois que a PM não deu as caras.
  • A maioria de candidatos a prefeito e vereadores de Belém estava nas igrejas ou templos religiosos na manhã de ontem, orando – ou rezando, como queiram – pelo sucesso nas urnas e, principalmente, para dizer “creio em Deus”. Que Deus os perdoe…
  • Como muito candidato não teve tempo de desovar seu material impresso, pela decisão do TRE  de suspender a campanha nas ruas, calçadas e vias  de Belém amanheceram  tomadas de santinhos e panfletos de todos os partidos, emporcalhando a cidade.
  • Verdade que, dentro ou próximo das seções eleitorais, já não se identificam mais os chamados fiscais de partido. Ontem, pelo menos, pareciam espécie em extinção.
  • Nos bairros da periferia de Belém não faltaram candidatos a vereador vendendo seu peixe às portas dos locais de votação. Repetiam promessas e distribuíam santinhos a rodo.
  • O que se dizia ontem, por volta das quatro e meia da tarde, é que o aplicativo e-titulo, do Tribunal Regional Eleitoral do Pará, estava travado, impedindo centenas de eleitores de justificarem seus votos.
  • O Tribunal Superior Eleitoral viveu um dia de cão, ontem. Depois que anunciou não ter sido alvo de ataque virtual, hackers vazaram uma série de informações internas do tribunal para demonstrar sua vulnerabilidade.
  • O vazamento foi exposto por um grupo que se intitula como CyberTeam. Segundo eles, a exposição das informações não tem necessariamente uma mensagem política: é apenas uma forma de desmentir o tribunal, que diz não ter sofrido ataque.
  • As equipes da Polícia Civil encarregadas de fiscalizar a proibição do consumo de bebida alcoólica nas eleições dobraram serviço no Jurunas, Cremação e Batista Campos, em Belém.
  • Na região da Grande Belém, ao contrário, o consumo correu livre, leve e solta desde a noite de sábado, e ontem, a alguns metros de locais de votação.
  • A PF monitorou de lupa as denúncias de compra de votos em municípios como Conceição do Araguaia, Irituia, Marituba, Barcarena, Parauapebas e Canaã, dentre outros menos votados.
  • O chamado “Covidão”, dinheiro direcionado para o combate à pandemia do novo coronavírus parece ter conduzido a “cotação” do voto aos píncaros, entre R$ 200 e R$ 300.
  • Em Belterra, oeste do Pará, a Polícia Federal apreendeu um veículo que supostamente transportava eleitores irregularmente, levando panfletos e santinhos de um candidato.
  • A Polícia Federal fechou o dia de ontem contabilizando onze 11 prisões em flagrante pelos crimes de transporte irregular de eleitores ou compra de votos.
  • No total, foram registrados 21 Termos Circunstanciados de Ocorrência pelo crime de propaganda irregular, a chamada boca de urna.