A placa da obra sinaliza que o contrato se encerra no final deste mês, mas o trabalho está incompleto e sem prazo definido para conclusão, ao passo em que ruas pavimentadas no verão já estão danificadas, calçadas quebradas e outras à espera do serviço que não chega/Fotos e vídeo: Coluna Olavo Dutra.

“Asfalto por todo o Pará” bem que contempla município, mas consiste em ‘jogar asfalto’ sobre leito de ruas, saneamento zero e sem canalização das águas pluviais, calçadas arrebentadas precocemente e propaganda que o inverno desmancha.   

Por Olavo Dutra

As ruas por onde andam os mortais comuns em Marituba não são, nem nunca serão iguais às passarelas onde se exibe a personalidade que a população elevou ao cargo de prefeita do município, então senhora Patrícia Mendes, hoje, por circunstâncias imponderáveis e impenetráveis, Patrícia Alencar, que, entre outras adjetivações, também atende, por livre e espontânea escolha, como ‘Rainha do asfalto”.    

O tempo, senhor das horas, conspira contra sua excelência a prefeita de Marituba ao menos em um aspecto. De resto é senhora de si, empoderada ou o que o valha, com tudo o que lhe é de direito e com o que parece ser, como algumas obras da gestão: apenas bonitinhas.

Projeto patina na lama

A execução do projeto Serviço de Drenagem e Pavimentação Asfáltica de Vias Urbanas – Região de Integração do Guajará, entregue à empresa Cirio, está a cinco dias do fim aprazado, mas, capenga e – em que pese a exaustiva propaganda nas redes sociais, inclusive com direito a garoto propaganda – muito longe de terminar.

Pior: antes de terminar, será apenas uma mancha no chão que o tempo, aquele tido como senhor das horas, terá apagado como mais uma benfeitoria cara e mal feita paga com o meu, o seu, o nosso dinheirinho, tornando a propaganda o defunto do negócio.

Com mais de R$ 26,4 milhões disponibilizados pelo Estado, a Prefeitura de Marituba parece ter selecionado áreas no município para executar as obras do Programa ‘Asfalto por Todo o Pará’, que consistem em jogar asfalto em ruas antes intransitáveis sem preocupação com as águas pluviais e, em menos de seis meses de chuva, culpar o infame inverno. Tem sido assim ao longo do tempo e ao sabor das administrações.  Por que construir obras que o povo não vê, ao contrário de ‘asfaltar’ ruas?

Prazo vai se esgotando

Em Marituba, desde março do ano passado, início do projeto que vai do nada para lugar nenhum em diversos trechos na malha viária, tempo que serviu à propaganda dos milagres operados para ‘inglês ver’ no município, passaram-se carnavais, campeonatos de pelada no Campo ‘As de Ouro’, aniversários de pessoas de ‘copa e cozinha’ e visitas de sua excelência ao bairro São João, o Pato Macho dos políticos visitantes – e o andor segue devagar, quase parando, porque o asfalto é de barro.   

Em quase quatro anos de mandato, barracos e buracos, aconselhamentos e sugestões, sua excelência a prefeita Patrícia Alencar faz que não vê, mas o prazo de um ano dado pela legislação para executar o mimoso projeto do governo do Estado se encerra no final deste mês, devendo terminar antes de ter sido: uma obra classicamente situada na infame casa de R$ 1,99, que pode até ter ‘somado’ para ela e seus garotos-propaganda, não para o grosso da população.

Não é o que parece ser?

A caminho do prazo fatal – fatal é modo de dizer, claro, pois está na placa da obra -, há ruas asfaltadas no verão que se desmilinguem antes do final do inverno; outras, como a 19 de Julho, que seria importante via interior de mobilidade para residentes do bairro escaparem do horror da BR-316 que sequer estão plenamente habilitadas a receber pavimentação; calçadas se despedaçando ao peso das chuvas e expectativas sobre no que isso vai acabar.

Vantagem e desvantagens

Senhores, façam seu jogo, mas livrem de culpa sua excelência: dizem na cidade que a gestão tem uma vantagem e duas desvantagens: a ‘vontade de fazer’ da prefeita e a baixa performance de dois secretários, um deles, justamente o que deveria fiscalizar as obras do “Asfalto na cidade”.

Para quem assumiu o cargo ‘arrombando’ a porta traseira do prédio da prefeitura e abrindo caminho para – supostamente – apagar da história do município os descaminhos dos antecessores, sua excelência a prefeita de Marituba não rivaliza; muito pelo contrário, corre para dar o salto tripo mortal carpado na boca das urnas nas eleições do ano que vem contra o que dizem ser seu maior adversário, além dela mesma.