Com mais de 720 mil seguidores no YouTube, a blogueira indígena Isani, da etnia kalapalo, revela na rede social que o massacre do jornalista inglês Dom Phillps e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, ex-funcionário da Funai, trazem à tona uma tragédia continuada que persiste no Vale do Javari, fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, por três décadas.
“Coisas pesadas rolam ali”, afirma a blogueira, referindo-se a um frenético comércio ilegal de peixes, minérios, madeira e drogas, acrescentando e que “quem ousa revelar isso paga com a vida.” A conclusão é que a tentativa de denunciar a promiscuidade envolvendo autoridades de todas as patentes motivou os assassinatos. Veja o vídeo aqui.
Fronteira sem controle
Dom Philips e Bruno Pereira foram apenas mais duas vítimas no Vale do Javari, onde grilagem de terra, tráfico de drogas, caça ilegal e garimpagem ocorre livremente, no mais das vezes com o conhecimento e até com a conivência das autoridades. O depoimento da indígena Isani parece esclarecedor sobre alguns aspectos que a distância que separa o interior da Amazônia dos grandes centros não nos permite enxergar claramente.
Em Mocajuba, educação
não é para os fracos, convenhamos
A Escola Euclides Moreira Pontes, que funciona na localidade São Benedito, interior de Mocajuba – sempre é bom lembrar, ainda que de nada adiante: Mocajuba é a terra da secretária de Educação do Estado e ex-prefeita do município Elieth Braga -, deve formar neste ano, se Deus mandar bom tempo, sua primeira turma de “equilibristas”. É uma escola pública, que atende alunos da região das ilhas, um público pobre que vai estudar empurrado pela resiliência e pela fome.
Corrida de obstáculo
Ocorre que, como a coluna tem informado com insistência, em Mocajuba, as escolas padecem da falta de merenda escolar, os hospitais carecem de remédios e a população mais pobre, principalmente do interior, depende do que Deus dá. O poder público, no âmbito municipal ou estadual, pouco se lixa para a situação. Neste vídeo, um grupo de crianças chega à escola para estudar como todo santo dia, mas, da saída de casa, passando pelo transporte escolar até o acesso às salas de aula são diariamente submetidas às piores condições que se pode imaginar quando se pensa em educação. É de dar dó.
Veja o vídeo: