Não tem prefeitura, nem governo do Estado ou quem quer que seja, incluindo, principalmente, o Ministério Público, que dê jeito: Belém está no fundo do poço – sem comando e sem controle. A receita do trânsito só tem cifrão? Fotos: Divulgação.

Não sofre apenas quem anda em carro particular – motociclista e ciclista; pedestre comum, portador de deficiência e passageiro de ônibus. Em Belém, até os cachorros de rua sabem que, das seis da manhã, às seis da tarde, sair à rua é temerário – lembra aquele ministro do governo Collor para quem “cachorro também é gente”, Rogério Magri? O trânsito de Belém azucrina a vida até de quem fica em casa: a Secretaria de Mobilidade Urbana do município continua entregando hoje multas aplicadas na conta de infrações cometidas no primeiro governo Zenaldo Coutinho. Nada contra a cobrança; tudo contra a inoperância. Governos vêm, governos vão, e o contribuinte segue miseravelmente explorado.

A verdade é que o trânsito em Belém está entregue à própria sorte. Enquanto se discute “com muita propriedade” o famigerado aumento do valor das passagens de ônibus, a prefeitura continua inerte para o caos instalado – muito, claro, pela própria omissão de quem deveria orientar e fiscalizar. Sem entrar nos cometimentos ilegais que contrariam o Código de Trânsito Brasileiro, apontam-se diversas infrações cometidas às claras por todos, sumariamente culpados ante a falta do “guarda-chuva” legal, a tal Semob.

Carros e motos avançam semáforos com frequência; estacionamentos em fila dupla; motociclistas e ciclistas trafegando no contrafluxo; motos sem placas, mas com adesivo para esconder a identificação; ausência de capacete; motoristas segurando o celular, e não o volante; tráfego de motos e bikes sobre calçadas para fugir dos congestionamentos, carros estacionados ou trafegando em ciclofaixas; ônibus ocupando o espaço alheio e buzinaços que só não chegam aos ouvidos moucos das autoridades municipais.

Desgraça só quer
começo;  a população pede o fim…

Como desgraça só quer começo, ainda tem os BRTs – o de Belém, que não funciona, e o Metropolitano, que faz que vai, mas não vai. Até as regras criadas pelo Ministério Público, acatadas pela Justiça, segundo as quais o tráfego de veículos pesados entre Marituba e Belém teria hora marcada para amenizar o sofrimento “dos pequenos”, virou letra morta. O MP alterou a titularidade da Promotoria de “Problemas Urbanos” – ou o que o valha -, entregando-a ao promotor Raimundo Moraes, que também estava envolvido com o lixão do Aurá.  Resultado: o trânsito engarrafado da BR nem deixa o lixo chegar ao destino – se bem que, pelo mau cheiro, nem mesmo está sendo recolhido, apesar do preço.

Adriele, cadeirante, pede
socorro;  quem quer socorrer Adriele?

Adriele Barroso estuda Direito na UFPA. Ela pede ajuda à coluna para denunciar a situação dos ônibus da linha para o campus do Guamá, principalmente a Linha UFPA-Cidade Nova 6  e Curuçambá-UFPA. A maioria dos coletivos dessas linhas não possui acessibilidade para cadeirante. Os carros não têm elevador funcionando. Adriele foi aprovada no vestibular durante o período mais crítico da pandemia. As aulas presenciais começaram neste mês e ela passa até duas horas no terminal da Universidade para voltar para casa, à espera de transporte. Fala a Adriele: “Saí da sala de aulas às 13 horas, mas fiquei esperando ônibus, sozinha, até às 15 horas. Adriele mora na Almirante Barroso com a Júlio César, menos de meia hora até a UFPA. Essa era a notícia que a coluna não queria dar…