Teria sido très chic, não tivesse acabado nos desvãos do vexame a que não deveriam ser submetidos os que se julgam integrantes do – decadente – high society na Belém de hoje. Ao final e ao cabo, foi mais uma festa ‘caboca’, embora regada a scotch e canapés. Lá entre os convidados dizia-se que era ‘o niver do happy hour’, nome que se consolidou nos dias que se seguiram e até hoje pelo tamanho do constrangimento, que continua sendo pièce de résistance em encontros privados, grupos de relacionamento e nas redes sociais. Fofoca pura.
Promovido por conhecido casal, o tal ‘niver do happy hour’ reuniu nomes badalados da terrinha. Ao chegar ao evento, onde foram recebidos com a elegância que convém aos não plebeus, cada um colocava sua pulseirinha, passando a comer e a beber à la vonté. Noite animada e prazerosa, jamais qualquer um dos incautos presentes imaginaria que, ao deixar o evento, passando pelas recepcionistas que horas antes se derretiam em atenção e favores, teriam que pagar a consumação.
“Como?!”, exclamou uma. “Sou convidada!”
– Senhora – lembrou uma das recepcionistas -, a pulseirinha entregue na entrada serve para identificar seu lugar no encontro e o consumo.
Deus de céu, que infeliz abordagem. Cerca de 80 pessoas, pouquíssimas delas sóbrias, se aglomeravam na saída: babetes e popetes ligavam desesperados para maridos, esposas, filhos e amigos pedindo socorro porque se deram conta da dívida – e pior, que não havia dinheiro para pagar a conta. Ninguém sabia, nem foi avisado de que o ‘niver do happy hour’ era uma festinha de adesão, alguns tendo que desembolsar até R$ 480 de consumo. O bafafá tomou conta do ambiente.
Depois do constrangimento épico, desses capazes até de dissipar os efeitos do álcool, teve gente que voltou para casa com os saltos nas mãos soltando fogo pelas ventas:
“Até o couvert artístico eles cobraram. Foi o golpe do happy hour!”, esbravejava, chamando a atenção se insones vizinhos de apartamento.
Moral da história infame: o lado bom da vida tem lá seus dissabores.