Instalações funcionam há pouco mais de um mês, mas serviço divide opiniões: alguns segmentos destacam mudança no cenário da segurança pública, mas criadores de gado, não/Fotos: Divulgação.

Inaugurada há pouco mais de mês, a Base Fluvial Integrada de Segurança Pública Antônio Lemos, balsa de aço de três andares fundeada  no rio Tajapuru, entre Breves e Melgaço, no Marajó, ainda não logrou o êxito esperado por fazendeiros da região no combate ao roubo de gado. Pela balsa passam embarcações da linha Belém-Santarém-Manaus-Macapá e Xingu, além de embarcações regionais transportando madeira, açaí, alimentos, veículos e passageiros.

Grandes balsas provenientes de Manaus com eletroeletrônicos estão sempre na mira dos piratas modernos, que abordam as embarcações, prendem a tripulação e fazem a ‘limpa’ da preciosa carga. Quando não, são produtos sem nota fiscal, contrabando de drogas, denúncias de abuso sexual, de assaltos e de violência contra famílias ribeirinhas.

Passa boi, passa boiada

Dizem que o cenário mudou na região desde a instalação da base, mas os fazendeiros, pelo menos, não concordam. Em contato com a coluna, um deles, que prefere não se identificar temendo retaliações, denuncia que, 15 dias atrás, outro grande roubo de gado de uma conhecida fazenda abalou os produtores. Segundo ele, a impressionante logística da operação, envolvendo balsas e motores por si só não poderia passar despercebida. Os animais são transportados para o Estado do Amapá, de onde são transportados para a costa nordeste do Pará, até Vigia e – pasme – portos clandestinos na Região Metropolitana de Belém.

Prende hoje, solta amanhã

As tentativas de resgate dos animais depois que se descobre o roubo são infrutíferas pela falta de recursos e pelo tempo entre a ação e a reação. Os roubos sempre acontecem à noite, de preferência em luas cheias. Segundo o fazendeiro, apesar da instalação da base da Segurança Pública em ponto estratégico da região, conhecidas áreas de receptação dos animais não são fiscalizadas, o que também acontece nos rios – neste período do ano, a Polícia Militar está voltada à segurança das praias e operações em larga escalada são restritas. Pior: são quadrilhas profissionais que, ao terem um integrante preso, conseguem liberá-lo um ou dois dias depois.