Executivos da Petrobrás que participaram de encontros com empresários paraenses para falar sobre a exploração de gás e petróleo se manifestaram otimistas, mas histórico aponta que projeto, que já envolveu duas multinacionais, tem esbarrado na burocracia dos órgãos ambientais há sete anos/Fotos: Divulgação.

Longa espera teria acarretado prejuízos às multinacionais Total, francesa, e BP, inglesa estimados em R$ 5 bilhões, mas as maiores perdas ficam para os municípios da região, que deveriam receber royalties anuais de cerca de R$ 200 milhões.

No vai da valsa e nada vai; muito pelo contrário. O Seminário Petróleo e Gás na Margem Equatorial, que trouxe executivos da Petrobras a Belém para apresentações do projeto na Fiepa e na Associação Comercial do Pará mostrou que persistem as dificuldades enfrentadas pela empresa na obtenção das licenças ambientais para a perfuração de poços exploratórios nas Bacias Pará-Amapá e Pará-Maranhão.

Empresários paraenses que acompanham as negociações para o início da exploração de petróleo na costa do Pará desde 2017 observam um atraso de sete anos na peregrinação de três empresas na tentativa de obtenção das licenças ambientais.

Primeiro, os direitos exploratórios estavam com a francesa Total e com a inglesa BP, que perderam um bom dinheiro na expectativa da inalcançável licença ambiental do Ibama. Especula-se algo em torno de R$ 2,5 bilhões cada uma das estrangeiras. Também quem tem perdido com a falta de licenças ambientais são os municípios da Costa Marajoara, que pelas previsões de um “Novo Pré-Sal” receberiam em royalties anuais algo como R$200 milhões.

Enquanto isso…

Enquanto isso, a Guiana Francesa e o Suriname seguem explorando petróleo a toda velocidade, aumentando o número de poços produzindo a toda na Margem Equatorial. Os poços franceses ficam bem na fronteira com o Amapá e o Suriname, mais de 40 produzindo.

A Amazônia merece respeito

Por Ronaldo BrasiliensePrêmio Esso de Jornalismo

Belém, Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Ananindeua, Macapá, Santarém e Boa Vista então entre as dez maiores cidades da Amazônia brasileira e têm algo em comum: estão entre as piores do Brasil em saneamento básico, sem água tratada e esgoto.

Para reverter esta situação em curto e médio prazos serão necessários investimentos de muitos bilhões de reais para beneficiar os quase 30 milhões de brasileiros que vivem nos nove Estados que compõem a Amazônia Legal, em mais de dois terços do território nacional.

Escrevo essas linhas para dizer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que posso até entender o BNDES financiar obras de infraestrutura em países vizinhos e amigos, mas não podemos esquecer a realidade brasileira.

Ainda somos a ‘Belíndia’ criada pelo economista Edmar Bacha para explicar o Brasil – parte da Bélgica, parte da Índia – e nós, da Amazônia, continuamos sobrevivendo com índices de desenvolvimento humano africanos e merecemos maior atenção.

A Amazônia cansou de ser o almoxarifado do Brasil.

*Artigo publicado originalmente no Grupo 4º Poder.