O gabinete da deputada Nilse Pinheiro informou a direção do Movimento Paridade de Verdade, coordenado pela advogada Kelly Garcia, sobre o cancelamento, mas não remarcou a audiência, plantando uma dúvida cruel acerca do interessa pela causa que prevê garantir vaga feminina no desembargo/Fotos: Divulgação-Redes Sociais-Whatsapp.

Pode até ser coisa de mulher, como dizem os machões, mas não pegou bem para a Assembleia Legislativa o cancelamento da audiência pública, marcada para ontem, destinada a debater a paridade de gênero e raça no Poder Judiciário. As mulheres envolvidas no evento estão desconfiadas.

O tema “A importância da paridade e das cotas raciais como instrumento de desenvolvimento e garantia da democracia” é uma tentativa de induzir a OAB Pará a aplicar resolução aprovada pelo Conselho Federal, em 2020, que estabelece a paridade de gênero e a política de cotas raciais nas eleições da Ordem.

No Pará, a instituição não parece muito preocupada nem com isso, nem com o lançamento do edital para inscrições de candidatos ao desembargo pelo Quinto Constitucional, caminho que as mulheres querem trilhar para reivindicar vaga na disputa.

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Desculpa pelos transtornos

A audiência é resultado da solicitação feita pelo Movimento Paridade de Verdade, com aprovação do requerimento da deputada professora Nilse Pinheiro. A advogada Kelly Garcia, membro do movimento e uma das lideranças no Pará pela paridade de gênero e cotas raciais, destaca a importância na adoção dos critérios nas listas sêxtuplas no País.

Ocorre que, ontem, coordenadores do movimento foram informados pelo Gabinete da parlamentar que a audiência seria cancelada em função de problemas no auditório João Batista, mas, apesar do pedido de desculpas “pelos transtornos”, o mesmo gabinete não marcou nova data. Estava plantada a pulga atrás da orelha das mulheres.

Movimento desconfia de boicote

No curso do dia, os supostos problemas de energia elétrica no auditório da Assembleia foram, digamos, dissipados, isto é, os próprios funcionários da Casa admitiram não haver problemas, embora não soubessem dizer a razão do adiamento. Acenderam o rastilho de pólvora: os comentários a seguir incluíram até uma espécie de boicote ao Movimento Paridade de Verdade, que busca condições para garantir seus direitos, inclusive com base em postagem da coluna segundo a qual o primo do governador, Alex Centeno, teria saída da lista de prioridade na corrida, onde o bola da vez seria o atual chefe de gabinete de Helder, Carlos Khayath.

Sai homem, entra mulher

Mulheres pensam grande e a soma é simples: se a OAB admitir a instituição do princípio da paridade na vaga para o Quinto Constitucional, todos os homens que planejam entrar na disputa serão alijados: a vez seria das mulheres, então, não é nada de cabeça de mulher…