Por Olavo Dutra | Colaboradores
Nascido em 1901 em uma família produtora de café, Adhemar de Barros foi prefeito – 1957-1961 -, governador -1947-1951 e 1963-1966 – e candidato à Presidência da República em 1955 e 1960. Nos anos 1950, seus seguidores popularizaram o famigerado slogan “rouba, mas faz”. Ele é homenageado no nome do bairro da Zona Sul da capital paulistana, Cidade Ademar. Morreu em Paris, em 1969. A ele se atribuem muitas frases – a menos citada é a que sentencia: “dar dinheiro faz ingratos, emprestar faz inimigos”.
A relação entre política e dinheiro era uma das especialidades do velho Adhemar.
Graças a personagens como ele, a legislação brasileira se tornou um cipoal de regras intrincadas, que buscam, nem sempre com sucesso, coibir a compra e venda de votos para dar ao jirau a que se chama de República alguma consistência republicana.
Os cidadãos têm se esforçado para fazer a sua parte. Em 2018, os eleitores denunciaram ao Tribunal Superior Eleitoral 16.169 atos irregulares cometidos pelos partidos, candidatos e seus aliados durante o período eleitoral. A maioria deles apontava para a chamada Captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei nº 9.504/97) e para o Abuso do poder econômico (art. 22, inciso XIV, da LC nº 64/90).
Regramento torto
Embora essas regras, artigos e incisos estejam em vigor e prevejam punições rigorosas aos infratores, o que se vê no dia a dia das campanhas eleitorais, antecipadas pela chamada pré-campanha é um regramento torto, onde o exibicionismo econômico abusivo se espraia sem limites.
Na Região Metropolitana de Belém, uma pré-candidata juntou pelo menos 25 mil pessoas em uma noite chuvosa de sábado, com ônibus e vans alugados tumultuando o trânsito na BR-316, sob proteção policial, inclusive. Os blogues, quase todos, alguns exultantes, comemoraram o feito. Ficou o exemplo.
Campanha de luxo
Situações semelhantes aconteceram em Tucuruí e Parauapebas, onde pré-candidatos também do MDB, partido do governador, fizeram atos simbólicos ostensivos para dezenas de milhares de pessoas, transportadas até o local como gado ao abatedouro e alimentadas no próprio evento. As farras, com direito a fanfarra, bebida, fogos e iluminação estroboscópica pareciam comício de final de campanha presidencial, tamanha a suntuosidade do exibicionismo de seus protagonistas.
O risco que corre
Todos viram. Inclusive as autoridades responsáveis pela legalidade e normalidade do pleito que virá. Como pré-candidatos, contudo, os anfitriões da demonstração de arrogância não podem sofrer atos de ofício, porque não são, a rigor, candidatos. Somente as convenções garantirão o registro e oficializarão as candidaturas. E aí então a fatura chegará. Basta que qualquer cidadão exija os comprovantes de despesas e as fontes de receita que garantiram a gastança. Testemunhas não faltarão, já que há imagens postadas nas próprias redes sociais dos realizadores.
A máxima de Adhemar
E aí então, e somente aí, a máxima do velho Adhemar de Barros brilhará como sabedoria. O dinheiro dado fará ingratos; o emprestado, inimigos.
Papo Reto
- Onde andará Domênica?
- Nice Tupinambá (foto), mulher do chefe de gabinete do prefeito de Balém, Aldenor Júnior, aparece junto com Paulo Stark no dossiê anônimo sobre fake news que chegou ao Sintepp Belém.
- O documento sugere que Nice Tupinambá é quem comanda o “Gabinete do ódio” da prefeitura para atacar adversários políticos do prefeito e seu grupo político “Primavera socialista”.
- Assuntos de segurança pública no Pará afligem até mesmo os condomínios de alto padrão de Belém, como o Greenville Exclusive.
- Local de residência de ilustres moradores, figuras de alta graduação da segurança pública – ex-delegados e coronéis -, o condomínio ganhou morador indesejado: um líder religioso acusado de estupro.
- Moradores do tradicional Edifício Manuel Pinto da Silva estão assustados: o elevador de serviço, que tinha acabado de passar por revisão e reforma despencou. O único ‘passageiros’ saiu ileso.
- Prédio abandonado à 28 de Setembro com a Assis de Vasconcelos começou a ruir, mas ninguém tomou providências até agora.
- Está provado que a contratação de shows milionários por municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano é treta para desvio de dinheiro público, com propina e tudo.
- Reduziram o ICMS, aumentaram em R$ 200 o Auxílio-Brasil, prometeram 5% de reajuste para o funcionalismo federal, auxílio-caminhoneiro, auxílio-taxista, compensação tributária aos Estados, perdão da dívida do Fies… E depois da eleição?