A remediação que o governo do Pará tenta aplicar para minimizar os efeitos do desabamento de um dos pilares da Ponte de Outeiro, semana passada, atropelando a rotina de uma população de cerca de 100 mil habitantes e causando prejuízos que ainda não foram cobrados, chama a atenção não pelo anúncio de uma solução de engenharia para o caso – a reconstrução do equipamento com novas tecnologias, inclusive com uso de sistema de cabos semelhante ao utilizado na construção da Ponte da Alça Viária -, mas pelo fato de que, dessa vez, o governo chamou para compor o Grupo de Trabalho que trata do assunto o TCE, o Ministério Público e o Ministério Público de Contas – iniciativa inédita na administração Helder Barbalho. Quando, afinal, já se viu isso nos últimos três anos?
Sem processo licitatório
O inusitado nessa iniciativa veio a público durante o anúncio da obra, ontem, em manifestação do representante do MP de Contas, Patrick Bezerra: “A emergência (da Ponte do Outeiro) é tão grande que o Estado não terá a opção de contratar a empresa que deve construir a ponte em um ano via processo licitatório, mas o grupo foi criado para que a contratação seja feita com segurança jurídica para atender melhor a contratação pública”. Outro destaque é a participação do TCE. “Na medida em que a fiscalização avançar, encaminharemos as conclusões à Setran para as medidas cabíveis”. No item fiscalização de obras do Estado, os técnicos do Tribunal devem estar “enferrujados” por falta de ação.
Procura-se um culpado
Outro detalhe que não passou em branco na entrevista: o governo continua procurando um culpado pelo acidente, embora, até agora, os suspeitos investigados tenham provado por A mais B que não tiveram a ver com o fato. A verdade é que o governo tinha conhecimento da situação precária da ponte, mas priorizou outras obras e se surpreendeu. Não estivesse o Ministério Público integrando o Grupo de Trabalho, seria a hora de abrir investigação para apurar responsabilidades, não entre balseiros, mas no governo.