Augusto Montenegro com Independência: engenharia autorizou o rebaixamento da avenida que demanda para a região da Cidade Nova e reduziu ao mínimo os espaços para o tráfego de veículos, solução que imobiliza o trânsito mesmo fora dos horários de pico/Fotos: Divulgação.

Por Camilo Delduque*

A demorada, prorrogada, inadequada e superfaturada obra do BRT, executada na antiga Estrada do Pinheiro, agora Augusto Montenegro, mostrou aos belenenses como as reformas estruturais e urbanísticas estudadas e programadas pelos órgãos governamentais conseguem mudar o que é bem ruim para muito pior.

Por conta de patifarias nas fiscalizações, provavelmente por motivos políticos, alguns moradores do entorno da rodovia Augusto Montenegro, hoje transformada em avenida, por motivos óbvios invadiram os limites laterais do percurso que une Belém a Icoaraci e adjacências. Dependendo do local invadido, as pistas de rolamento asfaltadas, destinadas ao tráfego de ônibus comuns, caminhões e automóveis estreitam tanto que, em alguns pontos, as divisões das faixas mal comportam três veículos alinhados, principalmente ônibus ou caminhões. É uma divisão ilusória que só a sapiência de um técnico de gabinete, provavelmente enredado em maracutaias, poderia conceber.

Algaravia escancarada

A avenida Augusto Montenegro é anômala. O cruzamento com a avenida Independência, onde está a passagem de nível que homenageia o brilhante professor e engenheiro civil José Augusto Affonso é uma algaravia escancarada. Ela faz lembrar a antiga Escola de Engenharia, na travessa Campos Sales com a Manoel Barata, no centro de Belém, onde os banheiros, no térreo, eram ligados ao prédio principal por uma área descoberta que comportava, também, a cisterna de abastecimento de água potável do prédio. E que, por não ter cobertura, alagava quando chovia.

Onde tudo acontece

É exatamente naquele cruzamento que tudo acontece, menos o trânsito normal de veículos. Por erro de cálculo, o piso da avenida Independência, logo após a inauguração do piso elevado, precisou ser rebaixado para permitir a passagem de carros mais altos.

E há muito mais que não cabe neste texto. É preciso ver para crer.

*Camilo Delduque é engenheiro civil, compositor e poeta.