Amadorismo, interesses nada republicanos, eleição prevista para o Dia de São Nunca e Justiça desinteressada compõem o quadro da morte anunciada do futebol paraense, aquele que nossa boa vontade de torcedor insiste em considerar um dos mais disputados do País/Fotos: Divulgação.
Por Olavo Dutra e colaboradores

No momento em que o futebol cearense desponta como a maior liderança do Norte-Nordeste; em que o Pará acaba de comemorar o primeiro título de Campeão Brasileiro da Série B, através do Paysandu, em 1991; em que a crise no futebol chegou a uma situação de quase insolvência, com clubes vivendo da dependência exclusiva da caridade de quem o detesta – e o tolera por interesses outros; em que oportunistas veem um nicho ideal para tentar aplicar golpes e sepultar de vez, na mesma cova rara, Remo e Paysandu – de vez que os outros já morreram e sequer sabem, se é que nasceram; e, finalmente, quando R$ 200 milhões são enterrados literalmente com uma reforma que, além de duvidosa, beira a megalomania, pergunta-se: para onde vai o futebol paraense, além do que parece ser o destino anunciado? 

A gaveta do meritíssimo juiz

Dia desses, a presidente pro tempore da Federação Paraense de Futebol, Graciete Maués, foi ao Rio de Janeiro para reunião da CBF. Saiu de Belém calada e voltou muda, fazendo coro ao magistrado que, em um arroubo desportivo, cravou prazo de 30 dias para a realização das eleições e deve ter esquecido em que mesa está a gaveta com a decisão. Trinta dias depois da decisão, o pobre futebol paraense não mereceu nenhuma manifestação do magistrado, nem eleição, nem intervenção.

Nem mesmo o governador Helder Barbalho, que, diz a lenda, andou se intrometendo no processo eleitoral e teria convocado a presidente da FPF para um encontro que também não aconteceu até agora parece ter comido abio. O processo eleitoral segue emperrado, os prazos perderam a validade e ninguém põe a cara na janela para explicar.

Burro se amarra onde o…

Só para ilustrar, a CBF já não tem lá tanto interesse em maiores amizades com presidentes de federações, seja do Norte, seja do Nordeste, uma vez que o novo presidente, eleito por aclamação, Edinaldo Rodrigues, amarrou seu burro no quintal dos grandes clubes do Sul e Sudeste, com a promessa de criar a Liga do Futebol Brasileiro. Nesse desenho traçado por grandes clubes, nem precisa entender de futebol para saber quem estará na liga independente. É promessa.

Quanto ao comando do futebol paraense – perdão pelo uso da palavra comando -, segue nas mãos de uma senhora que, sem pedir segredo, se diz arrependida por ter aceitado o cargo, embora não esboce a menor disposição de renunciar.  Pior: das duas chapas inscritas para disputar as eleições, o que se diz é que nenhuma reúne o mínimo exigido para uma gestão séria. Finalmente, o torcedor precisa se conscientizar de que faz parte dessa engrenagem, que essa engrenagem precisa mudar e se modernizar, assimilando a evolução do negócio que o mundo todo conhece como futebol e que um dia – um belo dia -, foi apenas diversão.