A área objeto das fraudes em Salinópolis compreende a margem esquerda da rodovia, sentido Praia do Atalaia-Cocal de Fora/Fotos: Divulgação-Imagem Google.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

Banca de advogados já pediu a anulação de todas as matrículas referentes aos terrenos que compõem um dos condomínios de luxo na área afetada, o mesmo que tem até marina particular.

Definitivamente, este verão não será igual aquele que passou na Atlântica Salinópolis, o balneário mais concorrido e cobiçado da costa atlântica do Pará.

Desde que a coluna publicou informações sobre o escandaloso negócio envolvendo herdeiros de uma grande área de terras na região, com o beneplácito do cartório local à época, uma enxurrada de questionamentos de proprietários de imóveis tem sido endereçada à redação com pedidos de informações diversas, mas, principalmente, sobre a área envolvida nas fraudes.

Tem muito dinheiro em jogo, proporcional à insegurança dos investidores, alguns já devidamente assentados sobre a fraude.  

Pomo da discórdia

O ponto central das irregularidades jurídicas que vieram à tona na disputa da herança envolvendo parte da área que margeia a estrada do Atalaia, que teve grande valorização imobiliária nos últimos anos, está na margem esquerda da rodovia, sentido Salinópolis-Atalaia, da ponte sobre o rio Sampaio ao antigo estacionamento de ônibus, na chegada da praia. A única parte da margem direita da rodovia PA-444 que faz parte do patrimônio em discussão é um terreno de pouco mais de um hectare chamado Cocal de Fora, que, de acordo com corretores, é o recanto mais bonito de todo o Atalaia.

Livre de embargos

A divisão entre os dois antigos proprietários da área anteriormente unificada através das margens direita e esquerda da rodovia encontra-se perfeitamente registrada no Cartório de Salinópolis. Aliás, foi a partir dessa divisão que o herdeiro espertalhão, contando com a cumplicidade do titular do cartório à época, começou o tão criativo quanto grosseiro repertório de ilegalidades, em prejuízo à própria mãe, de 92 anos, e à irmã, herdeiras e coproprietárias do patrimônio.

Condomínio ameaçado

Apenas como exemplo do imbróglio, vale destacar o condomínio de luxo que, entre vários confortos exclusivos, conta com uma marina particular, para o qual está sendo requerida, junto ao Registro de Imóveis, a anulação de todas as matrículas referentes aos terrenos do empreendimento  pelo “singelo” motivo de que a escritura de venda que transferiu toda a área do condomínio da então proprietária Salinópolis Empreendimentos  – que tem os herdeiros como sócios – para a supostamente adquirente Sall Incorporadora, de propriedade da esposa e do enteado do herdeiro, consta no cartório como não assinada por nenhuma das partes e cancelada, conforme documento  fornecido pela atual administração do Cartório de Salinópolis.

Aliás, o Cartório de Salinópolis já perdeu a conta dos contratos de compra de terrenos feitos pela Salinópolis Empreendimentos, por isso recusando o fornecimento de escrituras públicas por só constar o nome do sócio vendilhão, já que o mesmo não tem poderes para as vendas efetuadas.

Resumo da ópera: ainda tem muita água – salgadíssima – para correr sob a ponte do rio Sampaio.

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