Depois de um começo claudicante, Argentina mostra que Copa do Mundo não é para amadores. Scaloni dá nó tático, que afrouxa e permite empate, mas resolve parada nos pênaltis/Foros: Divulgação.
Por Pedro Paulo Branco
A estrela de Lionel Messi brilhou e a Argentina é agora tricampeã mundial da Copa do Mundo. As outras duas conquistas aconteceram em 1978, no Mundial da Argentina, e em 1986, no México. Já o título de hoje foi conquistado no Catar, em cima da França, que chegou à final com a possibilidade de conquistar a segunda Copa seguida. O time dirigido por Didier Deschamps, no entanto, deveu muito em iniciativa e criatividade. Não à toa, viu a Argentina fazer dois a zero e dar um baile no primeiro tempo.
A França também teve seus méritos e quase todos passaram pelos pés de Mbappé, que meteu um hat-trick – três gols na mesma partida – na final e, com isso, tornou-se o jogador da história com maior número de gols em finais de Copas do Mundo. Foram três na partida de hoje e um na conquista do título contra a Croácia, quatro anos atrás.
Messi, o melhor de todos
Mbappé também terminou como artilheiro do Mundial do Catar, com oito gols. Messi, que chegou a falar em aposentadoria depois de integrar o elenco que perdeu a Copa América Centenário para o Chile, em 2016, nos Estados Unidos, voltou a tocar no assunto, mas agora coroado como um dos maiores campeões do futebol mundial. Messi mostrou no jogo de hoje porque é tão admirado. Por alguns, idolatrado.
Marcou dois gols. Fez jogadas incríveis. Chamou para si a responsabilidade de conduzir uma Argentina destemida e concentrada contra a França. E, ao final, de forma justa e
unânime, foi premiado com a “Bola de Ouro”, troféu dado ao melhor jogador do Torneio.
Além de levantar a taça no estádio Lusail, Messi também quebrou recordes no Catar. A partida contra a França fez o meia argentino ultrapassar o alemão Lothar Matthaus e a se
tornar, de forma isolada, no jogador com mais partidas em Copas do Mundo, com 26 jogos disputados. Messi também se tornou o único jogador a balançar as redes dos adversários
em todas as fases de mata-mata da competição, além de ter ultrapassado a marca de gols de Pelé. Com 13 gols, Mbappé divide agora a quarta colocação na artilharia histórica dos Mundiais com Just Fontaine, da França.
A verdade é que a hegemonia europeia em mundiais – que já durava desde a Copa conquistada pelo Brasil, em 2002 – veio abaixo por um time que soube usar o conjunto.
Argentina reinventada
Desde a derrota para a Arábia Saudita, na abertura do Mundial, o técnico Lionel Scaloni passou a formar o time com características específicas para cada adversário. Manteve jogadores renomados no banco de reservas, e, contra a França, optou por iniciar com Di María no setor direito do campo, o que fez toda a diferença. O meia-atacante sofreu um
pênalti e ainda marcou o segundo da Argentina.
A personalidade alviceleste – de um time que sabia exatamente o que queria em campo – foi percebida também no momento das cobranças dos pênaltis. Mesmo depois de sofrer dois empates seguidos, goleiro e batedores argentinos mantiveram o foco e mostraram eficiência e equilíbrio. A vitória argentina por 4 a 2 nas penalidades reordena a balança do futebol mundial e traz de volta para a América do Sul o troféu mais desejado do planeta.