Tem alguma coisa muito estranha nessas informações dando conta de que a exoneração de Sarah Queiroz, filha do pastor e ex-vereador Paulo Queiroz, da Igreja Quadrangular, teria sido retaliação do governador Helder Barbalho diante do apoio à campanha de reeleição do presidente Bolsonaro anunciado pelo pastor Josué Bengtson, da mesma Igreja. Ou pelo fato de Patrícia Queiroz, irmã de Sarah, ter feito sala para a ex-ministra de Bolsonaro e senadora eleita por Brasília, Damares Alves, em visita a Belém nesta semana. Observadores da cena estão divididos, sugerem que há pontas soltas no episódio e o assunto vira polêmica.
Retaliação tardia?
Bem antes das eleições, o pastor Josué Bengtson declarou que conduziria suas ovelhas para votar em Bolsonaro para presidente e Helder para governador. Portanto, reforçar esse apoio agora, embora as circunstâncias sejam outras – uma vez que Helder já está reeleito -, não sustentaria, em tese, a suposta retaliação do governador que, apesar de tudo, prefere manter a pacificação da base e dos apoiadores.
De outra parte, a portaria de exoneração da filha do pastor Paulo Queiroz do Cerimonial, lotada no Gabinete do Governador, data do último dia 7, antes da declaração de apoio a Bolsonaro feita pelo pastor Josué Bengtson e da visita de Damares Alves, ocorridas nesta semana.
Candidata a vice
Uma coisa é certa: Patrícia Queiroz, primeira filha do Pastor Paulo Queiroz, foi candidata a vice-prefeita na chapa de José Priante nas últimas eleições. Reaparecer no cenário político assim, de uma hora para outra, na mesma semana em que sua irmã Sarah é exonerada do governo parece uma coincidência improvável, embora possível, principalmente porque passou a integrar o PSC, partido do candidato derrotado ao governo nas últimas eleições, senador Zequinha Marinho.
Mudanças inevitáveis
Outra coisa certa: embora sem indicativos de que fará mudanças significativas no secretariado, é certo que o governador eleito Helder Barbalho fará mudanças na máquina, até mesmo para enxugar o funcionalismo DAS, acomodar aliados que perderam vaga no Legislativo e negociar cargos com novos eleitos. O senador eleito Beto Faro, por exemplo, tem lá seus quereres, tanto quanto a mulher dele, eleita deputada federal, Dilvanda Faro. É claro que, além dos pastores aliados, outros haverão de perder nessas mudanças. É o jogo político.