Mais uma operação da Polícia Federal se abate sobre o governador do Pará às vésperas da convenção do MDB que o ungirá candidato supremo à reeleição, com anunciada vitória em primeiro turno. A porta e entrada foi o telefone celular de um fantasma que o governo não consegue espantar: Parsifal Pontes/Fotos: Agência Pará.

A apreensão do telefone celular do ex-chefe da Casa Civil do governador Helder de Parsifal Pontes foi um achado para Polícia Federal, que certamente dispõe de farto material para desencadear muitas outras operações. A sensação de impunidade e a autoconfiança fizeram de Parsifal Pontes um relaxado. Se tivesse se antecipado e se livrado do aparelho, mesmo inventando uma suposta clonagem – o que não seria nenhuma novidade por estas bandas -, teria evitado mais uma pequena dor para sua excelência o governador.

Anatomia de um sumiço

Só para lembrar: conta-se dois anos desde a suposta clonagem do telefone celular do governador Hélder Barbalho, sem que infame ato tenha sido alcançado pelas investigações da Polícia Civil do Pará. A pergunta  é: que fim levou o inquérito policial? Cadê o aparelho telefônico do governador? O Ministério Público do Pará tem conhecimento dessa investigação? 

Se depender da cúpula da Polícia Civil, cujas manifestações de apoio político à reeleição do governador foram escancaradas em redes sociais, não acontecerá nada. A tal clonagem aconteceu na noite da segunda-feira, 25 de maio de 2020. O próprio governador Helder Barbalho divulgou a informação em suas redes sociais e número do aparelho desapareceu.

Importante lembrar também que, na manhã do dia seguinte, terça-feira, 26 de maio de 2020, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Placebo”, sobre suspeitas de desvios na saúde do Rio de Janeiro para ações na pandemia de coronavírus, sendo alvos da busca   e apreensão o  Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel.

Duas semanas depois,  no dia 10 de junho de 2020, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na residência  de Helder Barbalho e aprendeu um aparelho celular, mas não aquele clonado, que então teria sido entregue às autoridades para investigação.

Perícia sem respostas

Assim, o primeiro aparelho telefônico foi apreendido porque o governador foi vítima. As perícias nesse aparelho deveriam identificar os criminosos responsáveis pela clonagem. No caso do aparelho apreendido pela PF, os criminosos  já  estavam identificados nas investigações  da “Operação Para Bellum” e a perícia foi buscava provar fraudes na negociação da compra de respiradores pulmonares, com valor de R$ 50,4 milhões. 

Resumo da ópera: esse cipoal continuará impenetrável enquanto o Ministério Público do Pará não exigir os resultados da investigação da clonagem do celular do governador, que ninguém sabe, ninguém viu.

Sinal de alerta está ligado
para Helder: não há
bem que sempre dure…

A ação da Polícia Federal às vésperas da convenção do MDB, em Belém, foi um balde de água fria na campanha de reeleição do governador Helder Barbalho, mas, nem tanto; já houve momentos bem piores.

Apesar do mal estar que se abateu sobre o Palácio do Governo, a investigação da promiscuidade envolvendo autoridades e desembargadores, além de expor o Poder Judiciário paraense, não afeta tão profundamente a campanha de reeleição, mas oferece a Helder o benefício da dúvida sobre a quantas anda o processo dos respiradores que tramita no Superior Tribunal de Justiça, situação que muitos pensavam ter sido abortada graças às influências e articulações do pai do governador, senador Jader Barbalho, em Brasília.

Risco em pleno voo

Trata-se de uma sinalização real de que pode haver desdobramentos imediatos que levem ao afastamento de Helder do cargo em pleno voo da reeleição, ou mesmo depois, caso em que a ex-secretária Hanna Ghassan, candidata a vice-governadora por escolha de Helder, deveria começar o seu duro aquecimento político o quando antes. Afinal, o fantasma  de Parsifal Pontes continua assombrando o governo e torna o silêncio um bem cada vez mais valorizado.

Acima da Justiça?

A favor de Helder conta que virou “chefe”, até de desembargador e, como tal, parece estar acima da Justiça. Ao menos no Pará.

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