Queda de braço para evitar nomeação de Priante ao ministério de Lula tira Pará do foco do governador Helder Barbalho

Governador Helder Barbalho mantém os pés no Pará, mas a cabeça em Brasília, onde trabalha para impor sua vontade em meio a circunstâncias que não lhe são tão  favoráveis quanto teria imaginado ao se entregar de corpo e alma à campanha de Lula. Em Belém, Cássio Andrade e Keniston Braga devem receber pedaços do que pediram/Fotos: Divulgação.

Edição de sábado, 24 e domingo, 25, de dezembro de 2022

Enquanto o presidente Lula já anunciou mais da metade do ministério, o governador Helder Barbalho não anunciou nenhum secretário do seu novo governo. Essa perda de foco com os interesses locais se deve à dificuldade em sair do pântano em que o reeleito se enfiou em Brasília, exercitando uma queda de braço com o primo José Priante que tende a deixar o Pará sem representação na Esplanada dos Ministérios.

Como diriam os padres franciscanos nos  tempos do Colégio Santo Antônio, em Belterra: ditar as regras na paróquia é uma coisa; outra é dizer ao cardinalato o quê e como fazer – cardinalato poliitico, no caso.

Divergências vêm de longe

As celeumas e divergência entre o clã Barbalho e o deputao federal reeleito por conta e risco Priante não vem de hoje, mas se agravaram em 2020, quando Helder Barbalho deixou a campanha de Priante respirando por aparelhos, enquanto dava todo o oxigênio ao exógeno Edmilson Rodrigues, afinal reeleito. Essa prática levou Priante à conclusão de que para a família governante não existem interesses partidários, mas apenas interesses familiares.

“O partido deve atender aos interesses do clã ou não serve para nada. Melhor um adversário histórico como Edmilson do que um rebelde próximo, como Priante”, segredou fonte ligada ao primo federal.

Descaso cria fissuras

Largar mão do arranjo local está produzindo fissuras nas bases que ajudaram a garantir a vitória robusta de Helder Barbalho. Deputados eleitos e não eleitos – mas que têm votos – esperavam conversas conclusivas com o reeleito, mas nenhuma delas resultou em afirmações positivas do governador, que encerra todos os diálogos com evasivos “vamos conversar”.

Pedaços para cada um

Um dos mandados “passar mais tarde” foi Cássio Andrade, que queria nada menos do que o controle da Arcon, mas se “conformaria” com o TerPaz, menina dos olhos da primeira dama Daniela Barbalho.

Saiu de mãos abanando e deve ficar apenas com o que sobrar da Secretaria de Justiça e dos Ditreitos Humanos, depois da retirada dos direitos humanos da pasta.

Dos eleitos, o que entrou e saiu sem nada foi Keninston Braga, que levou como reivindicação do sudeste do Pará, que diz representar, nada menos do que a Secretaria de Obras, uma das pastas que são da cota pessoal do próprio governador. Por óbvio, saiu com a promessa de que dias melhores virão a partir das emendas que o deputado eleito garantir em Brasília.

Como Jack, o estripador

Fontes palacianas afirmam que Helder Barbalho inicia o anúncio do próximo secretariado logo depois do Natal, começando pelas pastas que seguirão inalteradas, avançando depois para as demais.

 Como Jack, o estripador, Helder fará o serviço por partes, mas, diferente de Lula, sem o foco que se exigiria de governador reeleito por margem tão expressiva. Os pés de Barbalho estão na planície, mas a cabeça está no planalto, onde tem ruminado negativas, ao contrário do que supôs ao entregar-se de corpo e alma ao candidato petista.

Papo Reto

Divulgação
  •  De um atento leitor da coluna: esse caos em que vivemos em Belém ser chamado de “cidade inteligente” está errado; tem outro nome, mas vamos nos conformar com “capacitismo”.
  • Graças à falta de foco da gestão que, se tivesse escolhido o lixo como inimigo já estaria contabilizamos vitórias. No fundo, o prefeito Edmilson Rodrigues (foto) sofre de ‘déficit de atenção.
  • A Justiça do Trabalho acatou o pedido de reconsideração da Pró-Saúde e liberou o repasse de recursos que estavam depositados em juízo para efetuar o pagamento dos funcionários do Hospital Baixo Amazonas, em em Santarém.
  • Com a decisão, a OS ficou de fazer, hoje, o pagamento do salário de novembro e a primeira parcela do 13º salário para todos os funcionários.
  • A OAB Pará e Junta Comercial do Pará lançaram o projeto “Advocacia Sim”, que prevê investir na chamada Advocacia 4.0.
  • Entra ano e sai ano, clientes do Banpará e especialmente os servidores públicos continuam passando poucas e boas na boca do caixa das lojas e supermercados.
  • Um deles, com dinheiro em conta corrente, segundo extrato fornecido pelo banco, acionou a coluna para denunciar que teve a “compra negada”, ontem. Foi tranquilizado pela moça do caixa: “Isso é tão comum…”
  • Os 20 integrantes da lista do primeiro escalão já anunciada pelo presidente para o novo governo, juntos, respondem a 1.983 processos por improbidade, peculato, formação de quadrilha e outros delitos. 
  • São, em média, 99,15 processos por cada indicado na linha de frente de Lula. O campeoníssimo de citações é Sílvio Almeida, do Ministério dos Direitos Humanos, que responde a 542 processos, seguido de Camilo Santana, do MEC, com 271 processos e – acredite – Flávio Dino, futuro ministro da Justiça, que responde a 261 processos.
  • Na lista dos 20 já indicados por Lula só Esther Dweck, do Ministério de Gestão e Inovação, e Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres, não têm seus nomes envolvidos em falcatruas.
  • De qualquer modo, um Feliz Natal aos nossos caríssimos leitores.